Este artigo foi escrito em conjunto por Jonathan Gardiner, gerente de produtos de índices sustentáveis da Bloomberg e Joshua Kendall, supervisor de renda fixa sustentável na Bloomberg.
A emissão de títulos sustentáveis está preparada para um início de ano forte. Isto ocorre após um 2022 desafiador, quando o aumento das taxas de juros e a volatilidade do mercado limitaram o interesse dos emissores. A emissão de novos títulos corporativos e do governo já subiu 23,1% com base no comparativo anual, valor acompanhado pelo aumento na emissão de títulos soberanos.
A emissão total de títulos verdes, sociais e de sustentabilidade em 2023 é de aproximadamente US$195,7 bilhões, com a emissão de títulos do governo sendo responsável por mais de 50%, chegando a US$107,4 bilhões. França, Irlanda, Eslovênia e Alemanha estão na lista de países que emitiram títulos sustentáveis em 2023. Israel e Índia fizeram sua primeira investida no mercado de títulos verdes, que foram emitidos em janeiro.
A emissão de dívida sustentável tem sido tradicionalmente dominada pelas nações desenvolvidas, no entanto, os programas de títulos verdes dos mercados emergentes representam uma oportunidade crescente para países com um mix energético muito dependente de combustíveis fósseis. Embora estes sistemas estabeleçam compromissos de financiamento voltados à infraestrutura de energia renovável, no caso da Índia houve também a inclusão do gás natural comprimido, que é um combustível fóssil. Como resultado, a Índia foi excluída da Bloomberg League Table e não recebeu a designação “verde” no terminal da Bloomberg.
A emissão de dívida sustentável tem sido impulsionada por retornos mais fortes dos títulos e queda nos custos de empréstimo nos mercados de alto nível, com inúmeras entidades entrando no mercado de dívida sustentável pela primeira vez. As emissões de janeiro o tornaram o mês mais movimentado desde janeiro de 2022, com mais de US$ 105 bilhões em emissões, e os volumes de emissão em fevereiro também chegaram a patamares elevados de mais de US$ 90,5 bilhões. A reviravolta destaca a resiliência no mercado sustentável com exigências consistentes dos investidores.
Os índices Globais Agregados de Títulos Verdes, Sociais e de Sustentabilidade (GSS, na sigla em inglês) da Bloomberg fornecem aos investidores uma medida objetiva e robusta do mercado global de títulos de renda fixa emitidos para financiar projetos com benefícios diretamente ambientais e/ou sociais. Em comparação com o índice Global Agregado (e levando em conta a neutralidade do setor), o índice GSS tem tido um desempenho abaixo do Global Agg desde 2022. No entanto, grande parte deste desempenho aquém do esperado pode ser atribuído ao desempenho dos títulos denominados em euro, que representam mais de 60% dos membros constituintes.