Investidor global vê Brasil puxando recuperação dos emergentes

Com a colaboração de Tomoko Yamazaki, Lilian Karunungan, Ben Bartensteine Aline Oyamada.

Nessas festas de fim de ano, o investidor internacional vai abandonar a schnapps e cair na caipirinha. Os mercados emergentes vão se recuperar em 2019, puxados pelos ativos brasileiros. A conclusão é da pesquisa da Bloomberg com 30 investidores, operadores e estrategistas.

Títulos, ações e moedas de países em desenvolvimento chegaram a um piso e tendem a superar os ativos de nações desenvolvidas em 2019, de acordo com a sondagem. O Brasil foi favorito nas três classes de ativos. A Indonésia também se destacou. A caminho da recessão, a Turquia ficou em último lugar em duas categorias.

Um fator importante para a expectativa de melhora em 2019 é a postura menos agressiva do banco central americano (Federal Reserve), que reduziu projeções para juros e crescimento econômico após ter subido a taxa básica na quarta-feira. Essa postura oferece alívio a países em desenvolvimento, que aumentaram as captações em dólares nos últimos anos.

Uma estabilização da desaceleração econômica na China e o arrefecimento da guerra comercial também ajudariam os mercados emergentes após o pior desempenho desde 2015, quando a grande preocupação era um pouso forçado da economia chinesa.

“Com o Fed chegando ao fim do ciclo de aperto, os fundos tendem a voltar para os mercados emergentes”, acredita Hironori Sannami, operador de câmbio para moedas de países emergentes do Mizuho Bank, em Tóquio. “Mas o quadro não é tão bom, considerando que a tensão comercial entre EUA e China vai continuar e isso vai manter os investidores apreensivos. Se as preocupações comerciais se resolverem, o apetite por risco pode voltar mais forte.”

Por enquanto, as ações de países emergentes estão prestes a encerrar um terceiro trimestre consecutivo de perdas, embora moedas e títulos estejam se recuperando após os tropeços na metade do ano. O MSCI Emerging Markets Index, que acompanha ações, acumula queda de 17 por cento em 2018. O indicador da MSCI para moedas dessas regiões recuou 4,2 por cento. Já o índice Bloomberg Barclays de títulos de países emergentes denominados em moeda local registra perda de 1,7 por cento desde o começo do ano.

A maioria dos participantes da pesquisa realizada entre 5 e 17 de dezembro espera valorização para as três classes de ativos em 2019.

A maioria também prevê que os ativos de países em desenvolvimento terão desempenho superior ao dos países avançados.

“As ações de mercados emergentes estão baratas em relação às dos mercados desenvolvidos e ficaram muito atrás em 2018, portanto a retomada é questão de tempo”, disse o estrategista sênior de investimentos Daniel Morris, do BNP Paribas Asset Management, em Londres.

Os ativos brasileiros estão menos baratos do que no meio do ano, após a eleição de Jair Bolsonaro alimentar a expectativa de aprovação de reformas e medidas para controlar a dívida pública. Na Indonésia, os mercados se recuperam após as autoridades elevarem os juros em reação ao tombo da moeda.

Uma pausa pelo Fed e um acordo comercial com os EUA favorecem os ativos mexicanos, o que aumenta o interesse por aplicações na América Latina, segundo o levantamento.

Participaram da pesquisa: American Century Investments, Amundi Asset Management, Asset Management One Co., Bank of Singapore Ltd., BNP Paribas Asset Management, Daiwa SB Investments Ltd., Deltec Asset Management LLC, Deutsche Bank Wealth Management, Eastspring Investments, Fidelity International, Fujitomi Co., Informa Global Markets, Investec Bank Plc, Japan Bank for International Cooperation, Krung Thai Bank Pcl, Manulife Asset Management, Mitsubishi UFJ Kokusai Asset Management Co., Mizuho Bank Ltd., Mizuho Research Institute Ltd., Neuberger Berman Group LLC, NWI Management LP, Oanda Corp., Prime Partners SA, PineBridge Investments, SBI Securities Co., Skandinaviska Enskilda Banken AB, Stone Harbor Investment Partners LP, UOB Asset Management Ltd., Vontobel Asset Management e Woodman Asset Management.

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