Por Fabiola Moura e Felipe Marques.
Doações de empresas para campanhas eleitorais estão proibidas no Brasil, mas empresários e investidores brasileiros estão botando a mão no bolso para bancar candidatos, desde os tradicionais até novos participantes na política.
A menos de duas semanas para o primeiro turno das eleições, contribuições individuais somaram cerca de R$ 250 milhões, dirigidas a candidatos que disputam cargos como os de deputados estaduais e federais, senadores e governadores.
Essas contribuições também foram feitas diretamente a partidos, que podem distribuir o dinheiro como acharem melhor. Os dados estão disponíveis no site do TSE.
As doações de empresas foram proibidas em 2015, depois que investigações descobriram que grandes quantias estavam sendo oferecidas a campanhas em troca de favores políticos. Agora os candidatos precisam contar com contribuições individuais e dinheiro público para financiar suas campanhas – com os políticos em exercício obtendo mais acesso a fundos partidários.
O partido Novo, fundado pelo ex-banqueiro e candidato presidencial João Amoedo, aparece muito na lista de beneficiários, mas também o PSDB e o MDB, dois dos partidos mais tradicionais do Brasil.
Os nomes ligados à Renova BR, uma espécie de escola de formação para políticos em potencial, também são uma constante, enquanto os candidatos dos dois partidos que lideram a corrida presidencial – PSL, de Jair Bolsonaro e PT, de Fernando Haddad – são mais difíceis de se encontrar na lista.
Rubens Ometto, CEO da Cosan, gigante do setor agrícola, encabeça a lista de doadores com R$ 6,6 milhões dados a cerca de 50 candidatos.
A bilionária família Rocha, dona da rede de moda fast-fashion Guararapes Confecções, tem vários representantes entre os principais doadores – inclusive Flávio Rocha, que pretendia concorrer às eleições.
Rubens Menin, dono da construtora MRV Engenharia e Participações, doou quase R$ 2,4 milhões.
A família Jereissati, proprietária da rede Iguatemi de shoppings de luxo, também está na lista, assim como o bilionário Abílio Diniz.
Nos círculos financeiros, o principal doador foi Jayme Garfinkel, fundador da Porto Seguro, a maior seguradora de automóveis do Brasil, com R$ 1,2 milhão.
José Carlos Reis de Magalhães Neto, CEO e fundador da Tarpon Investimentos, vem em seguida, com R$ 1 milhão.
Jean Marc Etlin, que lidera as operações latino-americanas da empresa britânica de private equity CVC Capital Partners, doou outros R$ 775.000 para cerca de 20 candidatos; seu irmão Patrice Etlin, sócio-gerente do fundo global de private equity Advent, também contribuiu com R$ 220.000.
Entre os gestores de hedge funds, James Marcos de Oliveira, da Vinland Capital, doou R$ 500.000 para o Novo, enquanto o ex-BC e sócio-fundador da Gavea Investimentos Armínio Fraga doou R$ 410.000.
O ícone dos fundos de hedge Luis Stuhlberger, da Verde Asset Management, desembolsou mais de R$ 210.000.
Ometto disse por e-mail que as doações feitas por ele são uma contribuição individual e estão dentro da lei eleitoral; Diniz disse por e-mail acreditar que há “políticos competentes e sérios em vários partidos”, enquanto a família Rocha disse que está doando para candidatos que representam uma renovação política. A família Jereissati, Garfinkel, os irmãos Etlin, Oliveira e Fraga não quiseram comentar. Mattar Junior, Magalhães e Stuhlberger não responderam aos pedidos de comentários. Eduardo Mufarej, que fundou a Tarpon e também criou a Renova BR, disse que doações de indivíduos são “essenciais” para nivelar o campo de jogo. “Se quisermos ter boas pessoas na política, temos que ajudá-las a chegar lá”, disse ele, que doou R$ 435.000 para os candidatos da Renova BR.
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