Por Hema Parmar.
O interesse dos investidores pelos fundos de hedge voltou com tudo.
Entre as classes de ativos examinadas em um relatório do Credit Suisse Group, o maior aumento na demanda foi justamente nos fundos de hedge. Segundo o estudo, o número de instituições com planos de ampliar sua exposição a esses fundos neste ano é maior do que o número de instituições com planos de redução. É um quadro bem diferente do observado em meados de 2016, quando os investidores com planos de resgate eram maioria. A pesquisa foi realizada no mês passado junto a 212 investidores no mundo todo, com quase US$ 660 bilhões aplicados no segmento.
Dando seguimento ao clima de otimismo, 81 por cento dos investidores sondados têm planos de aplicar algum dinheiro em fundos de hedge nos próximos seis meses, comparado a 73 por cento no ano passado. Entre os que resgataram capital de gestoras de recursos no primeiro semestre, 87 por cento pretendem realocar esse dinheiro em fundos de hedge, segundo a pesquisa do Credit Suisse que é realizada na metade do ano e estuda o sentimento dos investidores em relação a fundos de hedge.
“No ano passado, os investidores estavam decepcionados com o desempenho dos fundos de hedge e dedicaram boa parte de 2016 a garantir que os fundos de suas carteiras eram os de melhor desempenho e se livraram dos fundos dos quais não gostavam muito”, disse Robert Leonard, responsável global por serviços de capital do Credit Suisse. “Passado esse processo, eles parecem olhar para o futuro com otimismo. O desempenho tem sido melhor e os investidores também sentem que estão recebendo estruturas de comissão mais construtivas.”
O segmento, que movimenta US$ 3,1 trilhões, foi alvo de polêmica nos últimos anos, com os gestores enfrentando uma chuva de críticas por cobrarem comissões elevadas e entregarem pouco retorno. Os clientes resgataram mais de US$ 70 bilhões em 2016, a maior quantia desde a crise financeira, segundo a Hedge Fund Research (HFR). No primeiro trimestre de 2017, o total líquido de resgates diminuiu para US$ 5,5 bilhões.
Calculado pela HFR, o Asset Weighted Composite Index caiu 0,4 por cento em junho e reduziu o ganho do primeiro semestre a 2,4 por cento. As estratégias de melhor desempenho na primeira metade do ano envolveram ações e eventos, mas o desempenho das duas ficou atrás do S&P 500. O pior desempenho ficou por conta de estratégias macroeconômicas.
Os fundos quantitativos, que utilizam algoritmos de computação para orientar suas decisões de investimento, podem sair ganhando com esse clima de otimismo renovado. Quase 60 por cento dos participantes da pesquisa esperam ampliar sua exposição a fundos quantitativos nos próximos três a cinco anos.
“Isso se dá após um período no qual algumas estratégias fundamentais não tiveram desempenho tão bom e os investidores estão procurando razões para diversificar”, avalia Leonard. “Ocorre agora uma batalha entre pessoas e máquinas. Os investidores estão tentando descobrir qual seria a mistura certa de cada estratégia.”
Fundos quantitativos neutros em relação ao mercado de renda variável representam a terceira estratégia mais atraente nos próximos seis meses, atrás de fundos de renda variável e fundos discricionários de macroeconomia global.