Análise feita por Ira F. Jersey e Angelo Manolatos, analistas da Bloomberg Intelligence.Inicialmente publicada no Terminal Bloomberg.
Os dias da LIBOR como benchmark estão contados e a taxa de financiamento overnight garantida (SOFR) permanece como a substituta mais provável, em nossa opinião. A SOFR não é uma substituta exatamente equivalente à LIBOR, uma vez que não tem um componente de crédito. Embora desafiadora e imperfeita, acreditamos que a transição para a nova taxa continuará sem impedimentos.
Reguladores querem um novo benchmark, então haverá um
Os reguladores têm pressionado pela substituição da LIBOR e de fundos FED como benchmarks de taxas de referência por uma taxa com base no mercado que tenha volume sustentável. Embora ainda pairem dúvidas sobre o momento e a lenta transição para a SOFR, os planos estão bem encaminhados e vem avançando, apesar dos shutdowns relacionados à COVID-19 e do trabalhando remoto. Alguns participantes do mercado vão resistir, mas os desejos dos reguladores acabarão por triunfar no final. É necessário haver uma transição suave; portanto, fique de olho nos próximos passos, já que em qualquer percurso de transição, há dificuldades.
A nova taxa deve se tornar onipresente no mercado e algum progresso – lento, mas constante, já foi feito. A adição das médias SOFR calculadas pelo FED de Nova York e a redação das cláusulas de fallback para empréstimos, derivativos e ativos foram passos importantes na transição.
Declaração
“A ausência de mercados subjacentes ativos levanta uma questão séria sobre a sustentabilidade dos benchmarks da LIBOR baseados nestes mercados.”
Andrew Bailey – Executivo-chefe, Financial Conduct Authority
Julho de 2017
Resumo do plano de transição em marcha
Houve progresso significativo em 2018 e 2019 na transição para a SOFR. Várias definições e ajustes na redação das cláusulas de fallback ocorreram durante o primeiro semestre de 2020, bem como planos para utilizar o spread mediano entre a SOFR e a LIBOR como fallback nos produtos existentes, após a descontinuação da antiga taxa de benchmark. A Autoridade de Conduta Financeira (FCA), no Reino Unido, continua a indicar que LIBOR não será mais publicada após 2021.
Não temos certeza se taxas a prazo com base na SOFR serão necessárias caso as convenções de composição atuais se tornem o padrão de mercado, embora muitos participantes do mercado estejam sugerindo que são necessárias. À medida que a liquidez nos instrumentos futuros melhora, o próximo passo pode ser o FED de Nova York calcular um benchmark da SOFR a prazo ou a termo com base em negociações de derivativos. Este cálculo poderia ser feito da mesma forma que o da taxa de fundos federais.
Plano de transição em marcha
Fonte: Bloomberg Intelligence
Baixo volume: problema com as taxas alternativas
Embora as taxas de referência sejam utilizadas em uma ampla variedade de produtos e contratos financeiros, a escassez de transações subjacentes em alguns deles representa riscos à continuidade e solidez. Com reformas regulatórias em andamento e uma estrutura de mercado em constante transformação, os empréstimos de curto prazo sem garantia podem sofrer erosão ainda maior, especialmente durante períodos de estresse no mercado. O reconhecimento destes riscos estruturais levou o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) a adotar medidas para identificar taxas de referência alternativas.
Além de tentativas de manipulação do mercado e relatórios falsos, as principais taxas de referência, tais como a LIBOR, têm visto um longo declínio na demanda de financiamentos não garantidos. Este risco estrutural pode prejudicar a certeza e a credibilidade em relação à liquidez, precificação, governança e ao volume de negociação.
Declaração
“Considerando o potencial para falhas de coordenação e as economias de grande escala associadas à escolha da taxa de referência, há também um papel a ser desempenhado pelo setor oficial de influenciar a mudança para uma taxa livre de risco ou quase livre de risco no caso das taxas de referência utilizadas em derivativos.”
FSB – Reforma dos principais benchmarks de taxa de juros
Seção V.B.4.4.b., julho de 2014
Reguladores buscam benchmark robusto com base no mercado
Em resposta ao Conselho de Supervisão de Estabilidade Financeira (FSOC), o FED convocou o Comitê de Taxas de Referência Alternativas (ARRC). Este novo grupo de representantes de bancos, câmaras de compensação e da Associação Internacional de Swaps e Derivativos (ISDA) se reuniu pela primeira vez no final de 2014 para identificar taxas de referência alternativas com base em um mercado subjacente robusto, com volume e atividade de transação fortes.
O comitê também deveria levar em consideração os usuários finais da taxa e seus padrões emergentes. Finalmente, deveria desenvolver um plano de transição tranquilo para a adoção da taxa de referência alternativa escolhida.
Relatório do governo
“O Conselho recomenda que os reguladores dos EUA cooperem com reguladores estrangeiros, órgãos internacionais e participantes do mercado para identificar prontamente benchmarks de taxas de juros alternativos ancorados em transações observáveis e suportados por uma estrutura de governança apropriada, e desenvolver um plano para concretizar tal transição para um novo benchmark à medida que estes benchmarks alternativos vão sendo identificados.”
FSOC – Relatório anual de 2013
Seção 3.1.3, junho de 2013
Descrição de uma negociação de contrato de recompra
Contratos de recompra são simplesmente uma forma de tomar empréstimos garantidos por ativos, geralmente no curto prazo. Mais especificamente, o credor transfere caixa ao devedor, que fornece um ativo em troca, com uma cláusula contratual para que o credor transfira de volta o ativo e os juros originais, e o devedor devolva o caixa acrescido dos juros de recompra no término do contrato. O mercado de recompra tem, em geral, três segmentos: financiamento tripartite, bilateral e de colateral geral (GCF).
Na recompra bilateral, o colateral é trocado por caixa, conforme mencionado acima. A recompra tripartite ocorre quando os bancos de compensação têm a responsabilidade de facilitar transações de recompra em seu próprio balanço patrimonial. O GCF é um mercado interdealer anônimo, cujas transações são liquidadas por meio de bancos de compensação.
Fonte: Revisão da Política Econômica FRBNY