Lidando com controles de capital, geopolítica e juros negativos

Por Amit Agarwal e Dimitrios Raptis.

Os desafios diários dos tesoureiros corporativos mudaram bastante em poucos anos. Presenciamos acontecimentos na Zona do Euro, como controles de capital, pela segunda vez em menos de três anos. Agora temos taxas de mercado negativas em várias moedas, uma situação sem precedentes que cria desafios em muitas áreas, como investimentos, impostos e operações. O marco regulatório continua evoluindo, afetando tesoureiros de bancos e empresas. A volatilidade das taxas de câmbio e juros aumentou não apenas nos países emergentes, mas também para as três principais moedas.

As empresas são forçadas a inovar e superar esses desafios de forma sustentável. Administrar reservas estratégicas de prazos mais longos é uma tarefa relativamente mais fácil do que otimizar a liquidez transacional global, devido à imprevisibilidade desses saldos e às diferenças de fuso horário.

Os controles de capital e os eventos geopolíticos mais uma vez colocaram em evidência a necessidade de estruturas centralizadas, incluindo esquemas de liquidez nos quais todos os fluxos domésticos líquidos diários são transferidos para uma central. Soluções centralizadas permitem que os tesoureiros eliminem posições fragmentadas e ajudam na estratégia de gestão do risco corporativo. Em meio a mudanças geopolíticas e controles de capital recentes, empresas configuradas dessa forma conseguiram escapar relativamente ilesas, praticamente sem dinheiro comprometido no momento da efetivação dos controles pelas autoridades. Nesses eventos, as restrições geralmente se aplicam a fluxos de saída do país para uma conta offshore, em vez de fluxos de entrada de recursos no país. Como resultado, as contas a pagar não são um risco e as contas domésticas podem ser financiadas sem maiores problemas.

Quando o tesoureiro consolida os saldos operacionais diariamente, ele pode usar uma combinação de ferramentas de hedge de câmbio e juros e ampliar a janela transacional global.

Uma estrutura multimoedas, como as soluções de otimização de juros ou os pools nocionais multimoedas, beneficia as funções centralizadas e as subsidiárias locais. As empresas podem acessar financiamentos de forma totalmente automatizada, o que minimiza o erro humano, e podem fazer isso ao longo de uma janela transacional mais ampla. Esses instrumentos de liquidez ajudam na execução de hedges, geram controles avançados e melhoram a visibilidade da equipe de tesouraria. Eles também funcionam bem para hedges naturais que reduzem o impacto de mercados voláteis. Muitas companhias que fazem pagamentos em moedas diferentes podem usar uma estrutura cruzada de moedas para reduzir a frequência das transações cambiais e reduzir os custos associados, ao casar a moeda de cobrança com a de contas a pagar.

Juros negativos são outro desafio recente para os tesoureiros corporativos. No novo status quo, equipes eficientes de tesouraria estão ativamente gerenciando o excesso de liquidez, alterando políticas de investimento e redefinindo a preservação do capital. Elas trabalham muito em cima de projeções e dão atenção especial ao tratamento contábil e fiscal das obrigações intercompanhia. Um esquema de liquidez cruzada de moedas, se gerenciado ativamente, pode aliviar o impacto dos juros negativos sobre as funções de tesouraria corporativa.

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As empresas podem drenar seus pools multimoedas em moedas de rendimento negativo. Os saques brutos artificiais estão vindo a custo zero no cenário atual e podem transformar toda a estrutura em um centro de lucro, devido aos juros ganhos com moedas que proporcionam maior rendimento. O resultado dessa estratégia é um pool nocional com juros de saldo líquido zero. A liquidez consolidada em uma moeda de taxa negativa pode ser empregada de forma muito mais eficiente, como pagamento antecipado de fornecedores, crescimento inorgânico, investimento no negócio, otimização com ferramentas de prazo maior ou investimentos de regulamentação favorável que pagam prêmio.

As práticas descritas geram benefícios econômicos para os usuários. É importante, também, ter a sustentabilidade e a escalabilidade em mente. A estrutura precisa estar em total conformidade com regulamentações em constante evolução e, ao mesmo tempo, ser flexível e capaz de sustentar o crescimento internacional, acomodando novos territórios e novas moedas. Em momentos como este, os bancos são forçados a inovar e apresentar soluções criativas para enfrentar novos desafios, agindo não apenas como prestadores de serviços bancários, mas também como consultores confiáveis.

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