Por Grant Smith.
As duas projeções mais importantes do mercado internacional de petróleo oferecem visões divergentes para 2018. Segundo uma, a Opep finalmente eliminará a oferta excedente; de acordo com a outra, esse objetivo continuará difícil de alcançar.
Pela estimativa da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, os limites à produção impostos pelo cartel e por seus aliados finalmente eliminarão o estoque de petróleo excedente que pressiona os preços do petróleo há mais de três anos. Mas, na opinião da Agência Internacional de Energia, que assessora países consumidores, o volume excedente pouco mudará.
“É impossível que ambos estejam certos”, disse Ole Sloth Hansen, chefe de estratégia de commodities do Saxo Bank em Copenhague. “Em qualquer dos casos, haverá um impacto significativo no mercado.”
Antes rivais, Opep e Rússia eliminaram quase dois terços do excedente global neste ano ao restringirem, em conjunto, sua produção de petróleo para compensar a explosão do petróleo de xisto dos EUA. A dúvida que gera o conflito entre as projeções para 2018 é se a aliança será capaz de extinguir a abundância restante sem desencadear uma nova onda do xisto dos EUA.
No fim do ano passado, Opep e Rússia colocaram décadas de rivalidade e desconfiança de lado para pôr fim à queda dos mercados internacionais de petróleo, que prejudicou suas economias. Desafiando o ceticismo generalizado, ambas reduziram a oferta de petróleo conforme o prometido e, em 30 de novembro, resolveram manter a estratégia até o fim do ano que vem. Nesta semana, o petróleo Brent ficou acima de US$ 65 o barril, maior patamar em dois anos, embora os preços tenham caído para US$ 63,37 às 11h32 em Londres.
AIE e Opep concordam que os cortes da coalizão estão funcionando. Os estoques de petróleo excedentes nos países desenvolvidos — principal indicador da Opep para avaliar o sucesso do acordo — caíram de 291 milhões de barris em novembro do ano passado para 111 milhões em outubro deste ano, segundo a AIE, que tem sede em Paris e foi criada em 1974 após o embargo do petróleo árabe.
Feliz ano-novo?
Os dois lados divergem quando o assunto é o futuro. A Opep prevê o fim do processo de reequilíbrio no final do ano que vem porque os estoques cairão cerca de 130 milhões de barris em 2018. A AIE, por sua vez, prevê que os estoques continuarão onde estão porque o crescimento da oferta nova superará o aumento da demanda. A agência alertou a Opep na quinta-feira que a organização pode ficar sem seu “feliz ano-novo”.
Embora ambas as instituições prevejam que a demanda pelo petróleo da Opep será de cerca de 32,3 milhões de barris por dia em média no primeiro semestre de 2018, suas visões se distanciam com o avançar do ano. A Opep estima que precisará bombear cerca de 34 milhões de barris por dia no segundo semestre, enquanto a AIE prevê necessidade de apenas 32,7 milhões por dia.
“Os dois lados estão em sintonia em relação ao primeiro semestre de 2018, mas em universos diferentes quanto ao segundo”, disse Olivier Jakob, diretor-gerente da consultoria Petromatrix em Zug, Suíça. “A Opep acredita no forte crescimento da demanda pelo petróleo; a AIE crê em um forte crescimento da oferta de fora da Opep.”
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