Por Elisabeth Behrmann.
O cofundador da Noveto Systems tinha cinco minutos para impressionar cerca de 1.000 executivos automotivos, investidores de risco e colegas empreendedores com o novo sistema de áudio de sua startup. Em jogo, um possível contrato de fornecimento com a Mercedes-Benz.
Após um começo hesitante, Tomer Shani pediu que a plateia, em Stuttgart, Alemanha, imaginasse “um mundo sem fones e fios”, no qual os alto-falantes enviam o som diretamente aos ouvidos do ouvinte, de forma imperceptível para as outras pessoas próximas. Depois, ele convidou todos a testarem o aparelho em primeira mão em um sedã Mercedes Classe S posicionado em um canto da sala de exibição.
O evento, patrocinado pela empresa controladora da Mercedes, a Daimler, teve apresentações de cada uma das 13 empresas que surgiram a partir de um polo de inovação que a fabricante de veículos ajudou a criar no ano passado. Além da exibição de eletrônicos com tecnologia de ponta, o evento ressaltou como as fabricantes de veículos — há muito tempo vistas como gigantes que se movem lentamente — começaram a se ajustar em um momento em que a tecnologia revoluciona seu setor.
“Temos que falar a respeito de uma nova estrutura de parceiros e fornecedores”, disse Sajjad Khan, vice-presidente para veículos digitais e mobilidade da Daimler. “Atualmente, temos que administrar startups ágeis, pequenas empresas impulsionadas por softwares ou até indivíduos com ideias inovadoras.”
Neste momento em que os carros se enchem de aparelhos — de rádios controlados por gestos a telas 3D no para-brisas –, as fabricantes de veículos lutam para encontrar uma vantagem tecnológica. Além disso, elas enfrentam desafios de firmas americanas como a Alphabet, empresa controladora do Google, e o Uber, que estão mudando a forma de pensar das pessoas a respeito de como ir do ponto A ao ponto B.
Os investimentos em startups focadas em automóveis disparou para US$ 16,3 bilhões no primeiro semestre do ano passado, contra US$ 16,1 bilhões em todo o ano de 2015, segundo a empresa de consultoria Oliver Wyman. Em um sinal das apostas crescentes nas startups, no ano passado a General Motors adquiriu a Cruise Automation, uma empresa de softwares de direção autônoma formada por 40 pessoas, por US$ 1 bilhão, incluindo incentivos de desempenho.
A Noveto, com sede em Tel Aviv, trabalhou com executivos e engenheiros da Daimler durante seis meses antes da breve apresentação em Stuttgart, no mês passado, realizada por Shani, que fundou a empresa em 2011 com Noam Babayoff, seu amigo da universidade. A Daimler, inclusive, forneceu gratuitamente um carro de teste para uso da Noveto.
No carro da conferência, a demonstração ocorreu sem problemas. O sistema, que confia em sensores 3D e software proprietário, aponta para as orelhas do indivíduo mesmo quando escondidas sob o cabelo. Com um gesto de mão, o som, inicialmente audível para todos, foi jogado diretamente para o ouvinte escolhido. O objetivo é permitir que os indivíduos escutem música sem distrair o motorista ou outros passageiros, nem interferir com as instruções de navegação.
Apesar do teste bem-sucedido, Shani explicou que a tecnologia está em estágio inicial.
“O setor automotivo é muito estrito e há muitas questões de segurança”, disse ele. Para colocar um componente dentro do carro “existe um processo pelo qual é preciso passar e nós estamos apenas nos passos iniciais.” Shani trabalhou anteriormente na ITL Optronics, que fabrica produtos eletro-óticos que melhoram os recursos de visão noturna para os militares em Israel, nos EUA e em outras partes.
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