Morgan Stanley vê início 2018 forte em emissões antes da eleição

Por Daniela Milanese e Paula Sambo.

Os primeiros meses de 2018 devem concentrar as emissões de ações e dívidas no Brasil, já que as empresas ainda aproveitarão a janela criada antes das eleições, dizem executivos do Morgan Stanley. No cenário de farta liquidez global, as operações ganharam fôlego no final de 2017, o que deve se estender para o primeiro semestre do próximo ano.

O banco estima que as emissões de títulos no exterior somarão US$ 15 bilhões no primeiro trimestre, operações que totalizaram cerca de US$ 32 bilhões no acumulado deste ano. Os lançamentos de ações ficarão em US$ 10 bilhões nos primeiros seis meses de 2018, calcula o Morgan Stanley – em 2017, as emissões foram próximas a R$ 56 bilhões.

Além do cenário positivo no exterior, com política de aumento gradual dos juros nos Estados Unidos, o ambiente macroeconômico é considerado favorável em meio à retomada da atividade.

Ao contrário deste ano, quando as empresas captaram recursos para pagar dívida e ajustar suas estruturas de capital, em 2018 as operações devem estar voltadas para o crescimento dos negócios ou para ofertas secundárias, disseAlessandro Zema, responsável pelo banco de investimento do Morgan Stanley no Brasil, em entrevista à Bloomberg, em São Paulo.

Na visão do mercado, a janela benigna para emissões pode se estender se ocorrer a condenação de Lula em 24 de janeiro, a aprovação da reforma da Previdência e um candidato de centro vencer as eleições.

A chance de aprovação de mudanças na Previdência caiu bastante, depois que o governo adiou a votação para fevereiro, disse Eduardo Mendez, corresponsável pela área de renda variável do Morgan Stanley.

Ontem, o presidente da Câmara Rodrigo Maia, disse que a chance de aprovar a reforma é atualmente de 50% a 60%.

A partir da percepção de um cenário mais concreto para as eleições é que será construído o ambiente de risco interno. Os riscos externos para o próximo ano estão concentrados em uma alta mais forte dos juros nos EUA, desaceleração da China ou algum evento geopolítico.

Mesmo um eventual rebaixamento do rating soberano não traria grande impacto para os mercados caso venha no atual ambiente de elevada liquidez internacional, disse Alexandre Castanheira, responsável pela área de mercado de capitais e renda fixa do banco. “Se vier um downgrade sozinho, seria um não-evento.”

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