Novo banco do Brics com US$100 bilhões de capital procurará financiar projetos mais arriscados do que os do Banco Mundial

Por Amogelang Mbatha e Manus Cranny.

O Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, formado por cinco dos maiores mercados emergentes do mundo, visará abordar projetos mais arriscados e desafiadores do que os assumidos por instituições mundiais de finanças tradicionais como o Banco Mundial.

O banco planeja começar a operar no primeiro trimestre do ano que vem, disse Tito Mboweni, diretor não executivo do credor e ex-presidente do Banco Central da África do Sul, em entrevista com Manus Cranny da Bloomberg TV nesta sexta-feira.

Os líderes do Brasil, da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul lançaram formalmente o Novo Banco de Desenvolvimento em uma cúpula na Rússia nesta semana com o objetivo de impulsionar os laços financeiros e econômicos no bloco de mercados emergentes. O banco, que terá um capital inicial de US$ 50 bilhões e visa aumentar esse montante para US$ 100 bilhões com o tempo, representa uma fonte alternativa de financiamento ao Banco Mundial e ao FMI.

“Precisamos realmente de outro banco de desenvolvimento, mas de outro tipo”, disse Mboweni. Os países-membros do Brics, que também integram o Banco Mundial, “descobriram, contudo, que há problemas com o grupo do Banco Mundial. Queremos abordar os projetos de infraestrutura mais arriscados e outros projetos de desenvolvimento, mas pode haver casos em que tenhamos que trabalhar juntos”.

Os países-membros do Brics representam mais de um quarto da produção econômica do mundo, segundo o site do banco. O credor terá sede em Xangai e seu primeiro presidente será Kundapur Vaman Kamath, presidente do maior credor do setor privado da Índia, o ICICI Bank Ltd.

Mboweni, 56, disse que o banco do Brics também terá uma sede regional para a África Subsaariana em Johanesburgo. O credor planeja formar parcerias com instituições como o Development Bank of Southern Africa para investir em projetos de infraestrutura, disse ele.

Financiamento da Eskom

Embora ainda seja muito cedo para dar detalhes sobre as transações que serão financiadas, os fundos requeridos pela concessionária estatal de energia elétrica da África do Sul, a Eskom Holdings SOC Ltd., “estão totalmente dentro da autoridade do banco”, disse Mboweni.

A Eskom tem um déficit de caixa de 225 bilhões de rands (US$ 18 bilhões) nos cinco anos encerrados em 2018 porque está construindo usinas de energia para expandir sua capacidade. A empresa tem implementado apagões rotativos regularmente neste ano porque tem dificuldades para satisfazer a demanda, o que limita o crescimento econômico.

Os investidores estão reduzindo suas posses em ativos de mercados emergentes diante da alta da aversão ao risco no mundo. O real se depreciou 17 por cento em relação ao dólar neste ano, a maior desvalorização entre 24 moedas de mercados emergentes acompanhadas pela Bloomberg, e o rand da África do Sul caiu 6,9 por cento.

Os fundamentos econômicos da África do Sul continuam intactos apesar de um enfraquecimento da economia e da moeda, disse Mboweni.

“Eu acredito que a economia sul-africana resistirá razoavelmente bem a esta tempestade. Eu penso que a moeda encontrará um nível adequado”, disse ele. “Quanto mais rapidamente esta questão da Grécia for resolvida, melhor para todos, porque independentemente de o quanto os nossos fundamentos sejam bons, se ocorrer uma perturbação em alguma parte do mundo que afete os mercados emergentes, nós sempre somos considerados culpados”.

Para ter acesso a notícias em tempo real entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.
 

Agende uma demo.