Tecnologia e finanças andam de mãos dadas desde que a invenção do telégrafo permitiu a primeira transferência de dinheiro. Um século depois, a inovação promete chacoalhar de novo os mercados globais. Blockchain, hospedagem na nuvem, reconhecimento facial e inteligência artificial estão delineando hoje o futuro do setor financeiro.
Segue um resumo da inovação e da evolução das tecnologias financeiras:
1918: Telégrafo
A invenção da impressora – que literalmente permitiu a impressão de dinheiro pelos governos – foi o primeiro exemplo de tecnologia financeira. Porém, a invenção do telégrafo, em 1835, e a instalação do primeiro cabo transatlântico, em 1866, permitiram enormes saltos na direção da globalização das finanças.
Em 1918, o governo americano adotou o telégrafo como base de um sistema exclusivo de comunicação para processar transferências de recursos entre 12 escritórios regionais do banco central (Federal Reserve Banks) que foi utilizado até o início da década de 1970.
1950: Cartão de crédito
Durante os anos dourados do pós-guerra nos EUA, a Diners Club lançou o primeiro cartão de crédito para consumidores. Outras empresas seguiram seus passos e boa parte da infraestrutura de tecnologia financeira que vemos hoje foi instalada nas duas décadas seguintes.
1960: Caixa eletrônico
Ao final da década de 1950, o setor bancário global havia definido os padrões tecnológicos que permitiriam maior automação, adotando um sistema de caracteres que podiam ser lidos por máquinas (patenteado nos EUA para uso em cheques). Os bancos começaram a investir pesado em informática para reduzir o processamento manual.
Em 1967, o Barclays tornou-se o primeiro banco a desenvolver e instalar um caixa eletrônico, chamado “caixa-robô”, no qual clientes em Londres podiam sacar dinheiro a qualquer hora do dia. Na década seguinte, os caixas eletrônicos se proliferaram e substituíram muitas das funções executadas pelos funcionários das agências bancárias.
1971: Nasdaq
Em 1971 estreou a primeira bolsa de valores eletrônica, a Nasdaq (sigla para Cotações Automatizadas da Associação Nacional de Corretoras de Valores Mobiliários). Foi o começo do fim das comissões fixas, além de sinalizar uma mudança nas expectativas dos investidores, que passariam a demandar informações e negociações instantâneas.
1981: Online banking (EUA)
Os primeiros passos na direção do online banking foram dados em 1981, que também foi o ano do lançamento do computador pessoal da IBM. Em Nova York, Citibank, Chase Manhattan, Chemical Bank e Manufacturers Hanover começaram a oferecer a possibilidade de fazer transações bancárias em casa por meio do videotex, um serviço interativo que transmitia texto pelo telefone. Em meados da década de 1990, a popularização dos computadores e navegadores da web deu impulso ao internet banking, que se tornou imprescindível.
1981: Terminal Bloomberg
Em 1981, Michael Bloomberg fundou a Bloomberg L.P. pensando em construir uma rede na qual bancos, corretoras, gestoras de recursos e outros investidores pudessem acessar as mesmas informações sobre o mercado financeiro. Ele e seus colegas construíram o Terminal Bloomberg, sistema que dava aos investidores o mesmo acesso em tempo real a informações financeiras, a partir de qualquer lugar.
Hoje o terminal é o sistema nervoso central do setor financeiro global, conectando tomadores de decisões a uma rede dinâmica de dados, pessoas e ideias e entregando com precisão informações financeiras, notícias e análises a 350.000 assinantes espalhados pelo mundo.
1997: Mobile banking
A Nokia dominava a indústria de telefones celulares e a Finlândia teve muitas conquistas na década de 1990, incluindo o primeiro serviço de mobile banking por SMS, oferecido pelo Merita Bank.
2008: Consultores-robôs
Os primeiros consultores-robôs lançados por instituições como Betterment, Wealthfront, Schwab, Vanguard e TradeKing colocaram consultores de investimento e gestores de patrimônio na lista de profissões ameaçadas pela automação. Progressos em software e inteligência artificial permitiram que esses robôs executassem muitas das tarefas que ficavam a cargo dos profissionais do setor financeiro, permitindo que as instituições entregassem serviços de baixo custo à nova geração de consumidores.
2009: Moedas digitais
Em 2009, a moeda virtual bitcoin foi lançada online pelo criador que usa o pseudônimo Satoshi Nakamoto. A versão 0.1 incluía um sistema de geração que visava criar ou ‘minar’ 21 milhões de bitcoins até 2040. Foi a largada para a expansão das moedas digitais, que têm sido usadas para passar à margem das moedas de fato e sofrem oscilações enormes de valor por causa da atuação de especuladores.
2009: Tecnologia blockchain
As transações com bitcoin foram possibilitadas pela tecnologia blockchain, que emprega algoritmos complexos e consenso para verificar organizações e indivíduos anônimos, permitindo que processem transações sem intermediário (ou banco central).
A tecnologia subjacente de registro distribuído de blockchain é utilizada por startups de tecnologia financeira e pelas empresas consolidadas do segmento, que exploram seu potencial para proporcionar uma alternativa confiável aos sistemas atuais. O objetivo é criar um sistema que descentralize a confiança, eliminando a necessidade de intermediários e de validação por terceiros, tornando as transações mais rápidas, baratas e transparentes e garantindo mais segurança.
2013: Inteligência artificial
A inteligência artificial causou a nova onda de inovação em tecnologia financeira. Em 2013, o ANZ tornou-se um dos primeiros bancos a empregar a inteligência artificial comercialmente, usando o sistema Watson, da IBM, para ajudar seus consultores financeiros a entender melhor os clientes. Fundos de hedge, gestoras de recursos e bancos de investimento também exploram seu potencial.
A Bridgewater Associates usa inteligência artificial para prever tendências de mercado em uma iniciativa comandada pelo principal engenheiro responsável pelo Watson. Goldman Sachs, UBS, Deutsche Bank e outros estão usados mecanismos de inteligência artificial fornecidos por terceiros, como Kensho e Sqreem, para pesquisa financeira. A BlackRock desenvolveu seu próprio mecanismo de inteligência artificial, o Aladdin, para apoiar decisões de gestores de investimentos e clientes.
2015: Reconhecimento facial
O reconhecimento facial para autenticar identidade é uma das mais modernas formas de utilização da biometria nos bancos de varejo e sistemas de pagamento. Entre as aplicações mais curiosas, a empresa chinesa de e-commerce Alibaba lançou a função “sorria para pagar”, com a qual o consumidor autentica o pagamento usando a câmera do smartphone.
2016: Hospedagem em nuvem
Em um setor que costuma depender de sistemas fechados ou exclusivos, a tecnologia baseada em nuvem ajuda a aumentar a produtividade, eficiência e mobilidade entre os funcionários. O DBS Bank foi o primeiro banco de Cingapura a adotar soluções baseadas em nuvem, com o pacote Office 365 da Microsoft.