O que os investidores na América Latina podem esperar em 2015?

A divergência entre as políticas monetárias de Zona do Euro, Japão e EUA tem embalado o dólar nos últimos 12 meses. Se salários e inflação nos EUA permanecerem baixos, o Federal Reserve talvez não eleve o juro básico em 2015, o que estenderia o período de descasamento das políticas monetárias entre G3 e América Latina.

Neste contexto, a Bloomberg promoveu recentemente dois seminários pela web, um em espanhol e outro em português, para discutir as condições esperadas para o mercado em 2015.

Perspectiva para economia e taxas de câmbio

A desvalorização de moedas latino-americanas nos últimos seis meses tem sido ordenada e não criou pânico, tendo resultado de uma combinação de fundamentos mais fracos e força global do dólar. Além disso, os custos de captação em dólar continuam mais altos do que os custos de captação em pesos mexicanos, chilenos e colombianos, como mostram os swaps cruzados de moedas. Negociadores de opções ainda apostam que a fraqueza se estenderá em 2015, mas em menor intensidade, sendo que Colômbia será a mais fraca e Peru o mais forte.

Não só isso, o dólar pode se apreciar ainda mais se o Fed começar a impor restrições à política monetária. Consequentemente, a América Latina inicia o ano em posição vulnerável, com déficits maiores em conta corrente, moedas desvalorizadas e preços baixos para as commodities.

Perspectiva para commodities

O mercado de petróleo espera uma mudança fundamental no balanço entre oferta e demanda. A curva a termo para o petróleo reflete a oportunidade de carry trade. Ademais, o gráfico sazonal para o spread entre dois contratos futuros reflete anormalidade similar à observada em outubro de 2008: existe oportunidade em comprar e armazenar combustível fisicamente e vender o contrato futuro (mercado em contango). Os dados também mostram que o armazenamento flutuante ainda não atingiu o nível máximo, portanto existe espaço para mais armazenamento nos próximos meses.

Perspectiva para juros

Todos os países latino-americanos enfrentam inflação mais alta e crescimento menor, em diferentes magnitudes. Entre os cinco países de foco dos nossos especialistas — Brasil, México, Chile, Colômbia e Peru —, Colômbia e Brasil apertaram a política monetária em 2014, enquanto Peru e Chile promoveram afrouxamento e o México manteve o juro básico inalterado na maior parte do ano. Aparentemente, o Chile não tem muito espaço para cortes adicionais.

Por outro lado, as taxas nominais no Brasil parecem estar num processo binomial: se a política fiscal não for ajustada, o real se deprecia e eleva as expectativas de inflação e, consequentemente, aumenta a inclinação da curva de juros ao longo do tempo. Se a política fiscal for ajustada, as expectativas de inflação recuam, abrindo espaço para corte de juros.

No México, após a divulgação da inflação de janeiro, os analistas começaram a projetar inflação menor durante 2015. As taxas de longo prazo caíram mais de 70 pontos-base desde o começo do ano e o spread entre os rendimentos dos títulos públicos (MBonos) de 2 anos e 10 anos se achatou. Contanto que os investidores mantenham a visão positiva sobre o risco de crédito do México, essa tendência deve se sustentar pelo resto do ano.

Perspectivas para o mercado acionário

Os analistas esperavam avanço de 26% do Ibovespa em 2014, mas o índice caiu quase 3% durante o ano, após uma baixa de 15% em 2013. Surpreendentemente, os analistas projetam retorno potencial de 26,6% em 2015.

A volatilidade do mercado acionário se intensificou recentemente, uma vez que a equação risco/retorno não é favorável no momento. Riscos de restrição na oferta de água e eletricidade aumentaram no Brasil. Caso se concretizem, essas restrições serão fator limitante para a economia e para as empresas.

Para assistir à gravação do webinar, clique aqui para a versão em português e aqui para a versão em espanhol.

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