Por Ignacio Olivera Doll.
Mais de uma dezena de fundos mútuos da Argentina divulgaram perdas maiores no início de julho. Regates em massa forçaram os fundos a vender papéis e redefinir o valor dos ativos em carteira.
A indústria de fundos do país está em crise, em meio ao desmonte de posições por investidores assustados com a volatilidade cambial e a depreciação dos ativos domésticos.
Para investimentos em renda fixa, o total de ativos caiu 9 por cento em julho. Desde 25 de abril, início do problema cambial que derrubou o peso em 26 por cento, a perda acumulada chega a 30 por cento.
De acordo com explicações enviadas pelos gestores à Comissão Nacional de Valores (CNV), o ajuste ocorreu porque, na ocasião da venda dos ativos, o preço “realizado” no mercado foi inferior ao que estava contabilizado.
“Os resgates estão vindo tanto do investidor institucional quanto do investidor de varejo”, disse Sergio Gonzalez, analista da assessoria e distribuidora de fundos mútuos Criteria. “A volatilidade dos preços dos ativos e do câmbio causou baixas nas ações. Isso gerou incerteza para os depositantes, que assistiram à queda de seus investimentos.”
A crise se agravou no início de julho porque os gestores de fundos decidiram reavaliar os títulos em carteira. Os fundos mais afetados foram os da categoria “t+1”, que aplicam em notas de curto prazo como as Lebacs e títulos emitidos por empresas e províncias. Desde o final de abril, as saídas desses fundos chegaram a 48 por cento do total, ou 161 bilhões de pesos (US$ 5,9 bilhões).
“Quando aconteceram os resgates e os preços de mercado de alguns instrumentos que sempre foram estáveis — como títulos corporativos — começaram a cair, os fundos precisaram destacar seus ativos”, afirmou Martin Mazzeo, gerente comercial da Provincia Fondos e Provincia Bursátil.
O valor das cotas desses fundos diminuiu 9,1 por cento até julho, segundo dados publicados no website da CNV. Entre os fundos com as maiores perdas estão o Consultatio Balance (atualmente com patrimônio líquido de 261 milhões de pesos) e o Pionero Renta Ahorro, da Macro Fondos, que administra 7,7 bilhões de pesos em ativos.
“Alguns fundos se protegiam usando valores não representativos para não destacar o preço, até que isso deixou de ser uma opção porque eles foram forçados a vender os ativos no mercado”, explicou Mazzeo.
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