Por Grant Smith e Annmarie Hordern.
A Opep e aliados, incluindo a Rússia, farão “o que for preciso” para evitar outra retração do mercado de petróleo devido ao impacto da desaceleração da economia global, disse o secretário-geral da organização, Mohammad Barkindo, na quinta-feira.
A disputa comercial EUA-China pesa sobre a demanda por petróleo e, caso um acordo não seja alcançado, seria “catastrófico” para o mercado, disse a principal autoridade da Opep durante a conferência Oil & Money, em Londres. Os comentários coincidem com a chegada de uma delegação chinesa a Washington para retomar as negociações comerciais, as primeiras conversas cara a cara entre autoridades do alto escalão desde julho.
“Estamos cautelosamente otimistas de que algum tipo de acordo será alcançado”, disse Barkindo em entrevista posterior à TV Bloomberg. Independentemente do resultado das negociações comerciais, a Opep e seus aliados trabalharão juntos para garantir o equilíbrio entre oferta e demanda, afirmou.
O avanço das negociações é fundamental para restaurar a confiança no mercado de petróleo. Há meses, as perspectivas sobre a demanda e as tensões entre as duas principais economias do mundo pesam sobre os preços. A baixa foi interrompida apenas por um curto período depois dos ataques à Arábia Saudita. Sem o avanço de um acordo comercial, o petróleo pode cair para US$ 50 o barril em 12 meses a partir de agora, segundo estimativas de grandes corretoras divulgadas na quarta-feira.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo se reunirá com os aliados em dezembro para discutir o futuro dos cortes da produção de petróleo. Embora sem querer antecipar o resultado potencial dessa reunião, Barkindo disse que os países com os quais conversou – incluindo a Rússia – se comprometeram em evitar um superávit de petróleo.
Todos os membros têm clareza de que “devemos colocar todas as opções na mesa”, pois o grupo continua a “navegar nesta volatilidade”, disse. Antes da entrevista, Barkindo disse que esperava uma decisão “forte”, que abrangeria todo o ano de 2020.
Declaração Opep+
A chamada coalizão Opep+ aprovou recentemente um documento que descreve seu compromisso com a cooperação futura e disposição de administrar a oferta a longo prazo. Essa estrutura garantirá que o mercado permaneça em equilíbrio, de acordo com o secretário-geral.
“Não há motivo para alarme, a Opep e a Opep+, na Declaração de Cooperação, estão comprometidas em não permitir que a situação se repita”, disse Barkindo. O documento foi enviado a cada país para assinatura, e alguns já o ratificaram, disse.
Barkindo tem dito há muito tempo que está aberto a que mais países produtores de petróleo assinem a declaração e, na quinta-feira, revelou que está fazendo um convite formal aos EUA. No entanto, o presidente Donald Trump tem criticado a Opep, tuitando sua insatisfação com os preços do petróleo devido à política de cortes da produção.