Notícia exclusiva por Josué Leonel com a colaboração de George Lei.
Se o Banco Central estiver disposto a evitar qualquer excesso de otimismo no mercado de juros, vai ter de enviar uma mensagem mais dura. Os juros futuros prosseguem em queda, apesar de o diretor do BC, Tony Volpon, declarar que é a favor de elevação da Selic até a convergência das expectativas da inflação para a meta.
Num momento em que o mercado reduz rapidamente as apostas em elevação da Selic, Volpon declarou que, “pessoalmente”, vai votar pela alta de juros até que a expectativa de inflação esteja na meta no fim de 2016. O comentário mostra cautela em um momento em que o BC tem reiterado em pronunciamentos recentes sua confiança no cumprimento da meta.
Além de sinalizar que, dependendo do seu voto, o aperto continua, Volpon também se mostrou cuidadoso em evitar apostas prematuras em corte dos juros. Mesmo acreditando em “forte” processo de desinflação em 2016, condicionou o início do alívio monetário a uma “ampla ancoragem de expectativas”.
Os comentários de Volpon, em linhas gerais otimistas sobre a tendência para a inflação, estão reforçando a aposta do mercado de que a Selic poderá ter apenas mais uma alta de 0,25 ponto percentual, para 14%, diz Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. No auge do pessimismo, no final de junho, o mercado chegou a apostar que a Selic teria de subir mais 1 ponto percentual, aproximando-se de 15%, para o BC levar a inflação para a meta.
Para Solange, o BC tenta evitar que o mercado se adiante nas apostas em corte da Selic, tarefa que considera difícil. É natural que à medida que o ciclo de alta se aproxima do fim, o mercado comece a apostar em quando o corte vai começar, uma vez que a atividade está muito fraca, diz ela.
O próprio discurso recente do BC, mostrando mais confiança na convergência da inflação para a meta, foi fundamental para a queda recente dos juros futuros, ao lado dos números mais fracos do mercado de trabalho e da melhora nas expectativas de inflação. O presidente do BC, Alexandre Tombini, disse em discurso em 1 de julho que havia uma “melhora sensível” nas expectativas de mercado para a inflação em horizontes mais longos. O contrato mais líquido do mercado futuro de juros, com vencimento em janeiro de 2017, despencou 73 pontos-base desde o pico anterior, em 25 de junho. A taxa foi de 14,06% para 13,33% em menos de um mês.
“Se o BC quiser corrigir esta visão do mercado sobre os juros, vai ter de falar de forma mais clara”, diz a economista da ARX.
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