Países começam a emitir títulos verdes para salvar o clima

Por Anna Hirtenstein.

Governos que gastam para evitar a mudança do clima acordaram um gigante dos títulos verdes dentro do conjunto da dívida soberana global pelo valor de trilhões de dólares.

Projeta-se que em 2017 nove países emitirão títulos que os ajudarão a cumprir os compromissos climáticos, segundo o CEO da Climate Bond Initiative, Sean Kidney. Projetos públicos de infraestrutura para apoiar a energia renovável, o transporte limpo e a agricultura sustentável são alguns dos setores que os países poderiam financiar com títulos verdes, que até recentemente eram domínio de empresas privadas e bancos de desenvolvimento multilaterais.

Semanas após a Polônia vender os primeiros títulos verdes soberanos, a França fará um roadshow de sua versão, que segundo projeções dos funcionários será de pelo menos 2,5 bilhões de euros (US$ 2,7 bilhões). A Nigéria deverá ser o terceiro país, com um título verde local em naira planejado para março. Assim como os títulos verdes emitidos por empresas, os valores vendidos por governos oferecem um fluxo constante de pagamentos a investidores durante um período de tempo fixo.

Os governos deverão tomar 10 por cento dos títulos verdes leiloados neste ano, em um mercado que segundo projeções crescerá cerca de um terço, para US$ 123 bilhões, segundo a Bloomberg New Energy Finance. A participação dos soberanos poderia se expandir rapidamente se mais países começarem a recorrer aos mercados de dívida pensando em seus compromissos climáticos, segundo o HSBC Holdings.

Sustentabilidade

Investidores estão analisando muito mais atentamente a sustentabilidade ambiental na hora de avaliarem onde colocar seu capital, segundo Alex Struc, gerente de carteira da PIMCO Europe em Londres.

“Isso está muito ligado ao COP21”, disse ele, em referência ao Acordo de Paris, assinado em dezembro de 2015. “Ele forneceu uma estrutura para unir capital privado a um compromisso soberano formal. Definitivamente observamos uma maior demanda dos clientes por produtos capazes de demonstrar um impacto ou contribuir para uma mudança social positiva.”

Os títulos verdes podem ser uma forma de garantir políticas e planos ambientais para o futuro, segundo Kidney. O capital reunido deve ser alocado para projetos que cumpram requisitos pré-determinados e consolidem compromissos climáticos, embora o mercado de títulos verdes já tenha gerado certa polêmica quando algumas corporações empregaram os fundos para empreendimentos que, segundo os ecologistas, não são suficientemente verdes.

Empresas chinesas venderam a maior quantidade de títulos verdes no ano passado, por um total de US$ 33,6 bilhões, segundo o HSBC. Segundo fontes, o governo central em Pequim também está avaliando fazer uma emissão.

“Sabemos que a China está analisando o assunto”, disse Kidney. “Se eles fizerem algo, será muito grande.”

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