Por Andrea Navarro
A fraqueza do peso está complicando as transações com empresas mexicanas, ao elevar os preços em moeda local das aquisições no exterior ou criar ofertas imprevistas para compradores estrangeiros. Pelo menos uma transação está sendo reavaliada para ser ajustada às mudanças.
Em junho, quando a Coca-Cola Femsa, com sede na Cidade do México, e sua sócia, a Coca-Cola, concordaram em adquirir a AdeS, a divisão de bebidas de soja da Unilever, com sede em Londres, por US$ 575 milhões, a transação foi avaliada em 10,6 bilhões de pesos. Agora, o custo denominado em pesos está cerca de 9 por cento mais alto. Como outras empresas mexicanas de capital aberto, a Coke Femsa conta com algumas coberturas contra o risco cambial, mas tem que registrar seus ativos em pesos para fins contábeis.
Em maio, em um caso similar, o Grupo Lala disse que compraria certos ativos da Laguna Dairy nos EUA por US$ 246 milhões. A fraqueza da moeda elevou em mais de 10 por cento o preço denominado em pesos da empresa de laticínios. O preço em dólares da transação não mudou, disse por e-mail Alberto Arellano, diretor financeiro da Lala.
“Todas essas transações foram feitas em dólares porque a maioria inclui empresas americanas”, disse Manuel Jiménez, diretor de análise do Grupo Financiero Banorte. “É provável que qualquer operação pendente tenha que levar em conta os efeitos cambiais.”
Depreciação
A Coca-Cola Femsa não respondeu a um pedido de comentários. A empresa tinha coberturas para cerca de 25 por cento de suas necessidades em dólares no México em outubro, disseram executivos em uma teleconferência na época.
A depreciação de 10 por cento do peso frente ao dólar nos últimos 12 meses – a moeda foi afetada pelo discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre impostos às importações – também poderia obrigar os compradores de companhias mexicanas a reavaliarem suas transações. A Delta Air Lines disse nesta segunda-feira que tinha aumentado sua oferta por uma participação no Grupo Aeroméxico de 43,59 pesos por ação para 53 pesos, principalmente devido a movimentos no tipo de câmbio.
Está ficando cada vez mais comum que as transações internacionais levem em conta a volatilidade cambial e muitas delas são cotadas em dólares ou a uma taxa de câmbio fixa, disse Bernardo Reyes Retana, advogado que trabalha em fusões e aquisições no escritório de advocacia González Calvillo, na Cidade do México.
Apesar da volatilidade da moeda, as fusões e aquisições com empresas mexicanas têm se mantido constantes nos últimos anos. Foram realizadas 37 transações com compradores ou vendedores mexicanos no ano passado, na comparação com 41 em 2015 e 39 em 2014, segundo dados compilados pela Bloomberg.
É provável que em 2017 a atividade aumente à medida que as empresas forem se ajustando às mudanças no cenário geopolítico. Nesta semana, a Alfa, um dos maiores conglomerados do México, anunciou planos para vender ativos de energia no Texas, EUA, e no Peru, abandonando um plano para crescer no setor devido à queda dos preços do petróleo nos últimos anos.
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