Ponto de inflexão: energia solar fica mais barata do que eólica

Por Tom Randall.

Há uma transformação acontecendo nos mercados globais de energia que vale a pena sinalizar agora que 2016 está acabando: a energia solar, pela primeira vez, está se tornando a forma mais barata de gerar eletricidade.

Já houve projetos isolados no passado onde isso aconteceu: um leilão especialmente competitivo no Oriente Médio, por exemplo, que resultou em custos recordes de energia solar barata. Mas agora a energia solar não subsidiada está começando a ser mais competitiva do que a do carvão e do gás natural em uma escala maior e, particularmente, a construção de novos projetos de energia solar em mercados emergentes está custando menos do que a de projetos eólicos, segundo dados novos da Bloomberg New Energy Finance.

Embora a energia solar estivesse destinada a cair abaixo da eólica, devido à queda mais acentuada dos seus preços, poucos previram que isso aconteceria tão rápido.

“O investimento em energia solar passou do nada – literalmente nada –, há cerca de cinco anos, para muito”, disse Ethan Zindler, diretor de análise de políticas dos EUA na BNEF. “Grande parte dessa situação se deve à China, que está desenvolvendo rapidamente a energia solar” e ajudando outros países a financiarem seus próprios projetos.

Ano notável

Este foi um ano notável para a energia solar. Os leilões, onde empresas privadas concorrem por contratos enormes de fornecimento de eletricidade, bateram um recorde atrás do outro de energia solar barata. Começou com um contrato em janeiro para produzir eletricidade por US$ 64 por megawatt-hora na Índia; depois, em agosto, um contrato fixou em US$ 29,10 o megawatt-hora no Chile. É a eletricidade mais barata da história – aproximadamente metade do preço dos concorrentes de energia a carvão.

Esses são contratos novos, mas também há muitos projetos que serão concluídos neste ano. Quando todas as finalizações de 2016 forem contabilizadas nos próximos meses, é provável que a quantidade total de energia solar fotovoltaica adicionada globalmente supere o total de energia eólica pela primeira vez. As últimas projeções da BNEF preveem 70 gigawatts de energia solar instalados em 2016, em comparação com 59 gigawatts de energia eólica.

O relatório publicado pela BNEF nesta quinta-feira, chamado Climatescope, classifica e faz um perfil dos mercados emergentes segundo sua capacidade de atrair capital para projetos de energia de baixo carbono. Os mercados com a maior pontuação foram China, Chile, Brasil, Uruguai, África do Sul e Índia.

Liderança

No que se refere a investimentos em energia renovável, os mercados emergentes assumiram a liderança sobre os 35 países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), investindo US$ 154,1 bilhões em 2015, contra US$ 153,7 bilhões desses países mais ricos, segundo a BNEF. As taxas de crescimento de implementação de energia limpa são mais altas nesses mercados emergentes, portanto é provável que eles continuem sendo os líderes de energia limpa por um tempo indefinido, especialmente agora que três quartos deles criaram metas de energia limpa.

Contudo, a acumulação de energia eólica e solar leva tempo e combustíveis fósseis ainda são a opção mais barata quando não há vento e o sol não brilha. O carvão e o gás natural continuarão desempenhando um papel fundamental na redução da pobreza de energia para milhões de pessoas nos próximos anos.

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