Por Ben Steverman.
No passado, quando você precisava desesperadamente de um chaveiro ou de um guincho, você recorria a um livro grosso com centenas de páginas amarelas excessivamente finas. As categorias normalmente começavam com uma série de nomes com “a”. Obviamente, existe um valor econômico em aparecer no topo da lista.
Nomes podem decidir nosso destino de diversos modos. Nos EUA, por exemplo, estudos mostram que candidatos com nomes que, de forma estereotipada, são considerados comuns entre negros podem atrapalhar as perspectivas para empregos e moradias. Artigos acadêmicos revelam uma discriminação semelhante por parte de americanos e europeus contra nomes árabes, turcos e de outros lugares do Oriente Médio.
E quanto à primeira letra de seu nome? A posição de um nome no alfabeto tem alguma influência fora dos classificados? Essa ideia, embora não seja propositadamente prejudicial como a mencionada anteriormente, não é tão descabida. Indivíduos e empresas são listados em ordem alfabética o tempo todo — e não somente no catálogo telefônico. A posição que ocupam pode interferir sutilmente nas decisões que as pessoas tomam, com consequências profundas.
Dois economistas da Universidade do Colorado encontraram evidências convincentes de que a primeira letra de seu sobrenome é relevante, especialmente na juventude.
O professor Jeffrey Zax, 62, e o estudante de pós-graduação Alexander Cauley, 29, analisaram dados sobre a vida de mais de 3.000 homens que se formaram nos colégios de Wisconsin em 1957. Eles concluíram que aqueles com sobrenomes mais para o fim do alfabeto se saíram pior no colégio, na faculdade e no mercado de trabalho no início da carreira. “O efeito [da ordem alfabética] é significativo, negativo e consideravelmente grande”, escreveram Cauley e Zax. Embora essa correlação não seja necessariamente causal, os pesquisadores acreditam firmemente na existência de uma conexão.
Ironicamente, Zax não acha que seu próprio lugar no fim do alfabeto tenha sido uma desvantagem. “Não sinto necessariamente que fui negligenciado na vida”, disse ele. “Quando eu estava na escola, eu achava até que isso era legal”.
Mas ele era um bom aluno — um que os professores provavelmente não podiam ignorar, disse ele. Este é um fator fundamental, segundo a pesquisa. Quando Cauley e Zax se aprofundaram na investigação e incluíram os efeitos do QI e da atratividade percebida, eles concluíram algo impressionante. Os homens no começo e no fim dos rankings — aqueles com os QIs mais altos e mais baixos e os mais e menos atraentes — em geral não sofreram por ter nomes no fim do alfabeto. Ao mesmo tempo, os do meio, com aparência e inteligência na média, ficaram à mercê do “alfabetismo”.
Então, se seu sobrenome coloca você no fim da lista, encontre outro modo de se destacar.
“Estar no fim não é um problema por si só. O problema é estar no fim e não se fazer notar de nenhuma outra forma”, disse Zax. “Este efeito é muito mais potente para as pessoas que não se destacam de nenhum outro modo. Elas estão sendo desconsideradas e ignoradas.”
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