Protecionismo ao aço cresce no mundo em meio a preços baixos

Por Yuliya Fedorinova e Thomas Biesheuvel.

Os órgãos reguladores de todo o mundo, dos EUA à Índia, estão se esforçando mais do que nunca para defender as indústrias siderúrgicas locais da concorrência estrangeira.

Diversos países impuseram 85 novos impostos e outras taxas às importações de aço no primeiro semestre, segundo a Associação Russa do Aço, que contabilizou medidas preliminares e permanentes. A quantidade é 49 por cento maior do que um ano antes.

Os atritos comerciais são o resultado de um mercado siderúrgico saturado e das exportações recorde da China, onde as produtoras estão procurando novos clientes em um momento em que a economia se distancia da manufatura. As importações baratas prejudicam a rentabilidade das siderúrgicas americanas e europeias, gerando perdas de empregos e pressão para que os políticos defendam as indústrias locais.

“O mundo está entrando em uma guerra comercial global do aço porque a demanda está fraca e o setor vive uma crise de excesso de capacidade”, disse Kirill Chuyko, estrategista da BCS Global Markets, a maior corretora de Moscou. A Rússia é alvo de tarifas por ser o país produtor que oferece os menores custos e porque o rublo desvalorizado é visto como uma “vantagem imbatível”, disse ele.

Dados da China divulgados na sexta-feira mostraram que as siderúrgicas ainda estão produzindo em grandes quantidades. A produção de julho foi maior do que a do mesmo mês do ano passado. O país responde por cerca de metade da produção mundial.

Disputas por dumping

A Organização Mundial do Comércio disse em julho que observou um “aumento significativo” das medidas restritivas ao comércio em geral e classificou-as como “a última coisa de que a economia global precisa”, em um comunicado online. Os denunciantes acusaram as exportadoras de venderem aço abaixo do custo, uma prática conhecida como dumping, para tirar os concorrentes do mercado e abocanhar participação de mercado.

O assunto está ganhando terreno na política. Donald Trump, o candidato republicano à presidência dos EUA, prometeu que seu governo garantiria “aço americano para a infraestrutura americana” em um discurso realizado em junho nos arredores de Pittsburgh, conhecida como Cidade do Aço antes do colapso do setor, décadas atrás.

No início deste mês, produtoras chinesas e russas de aço não inoxidável laminado a frio viraram alvo da União Europeia, que aplicou tarifas de cinco anos de até 36,1 por cento depois de descobrir que as importações dos dois países rebaixavam injustamente os preços das fabricantes locais. Os EUA também aplicaram impostos a determinados produtos de aços planos laminados a quente de sete países, incluindo Austrália, Brasil e Japão.

Existem algumas evidências de que as tarifas estão funcionando, segundo a ArcelorMittal, a maior produtora da Europa e dos EUA. A empresa disse no mês passado que os preços do aço se recuperaram nessas regiões após a implementação de medidas comerciais e a empresa divulgou seu melhor resultado trimestral desde 2014.

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