Queda dos títulos de mercados emergentes tende a piorar

Por Christopher Langner.

Títulos de dívida de mercados emergentes são o ativo no topo da lista de despejo dos investidores desde a eleição de Donald Trump à Casa Branca.

A queda dos preços desses títulos foi tão grande que alguns investidores agora estão achando os papéis baratos. Não estão. Pelo menos não em termos históricos.

Na semana seguinte à vitória de Trump, os investidores venderam quase US$ 5 bilhões em títulos dos mercados de dívida em moeda local da Ásia. O fundo negociado em bolsa (ETF) iShares MSCI Emerging Markets, da Blackrock, registrou o maior volume de resgates desde janeiro de 2011. Na semana passada, os investidores retiraram US$ 715 milhões de ETFs focados em dívidas de países em desenvolvimento.

O resultado foi o tombo da maioria dos índices que acompanham essa classe de ativos. O Bloomberg Barclays Emerging Markets Hard Currency Aggregate Index acumula perda de 3,65 por cento desde 8 de novembro e eliminou quase um terço dos ganhos registrados no ano até a data da eleição nos EUA.

Então será que o pêndulo oscilou rápido demais e longe demais? Muito pelo contrário.

A diferença entre os rendimentos (prêmio) dos títulos em dólar de países em desenvolvimento e dos títulos do Tesouro americano, atualmente em 287 pontos-base, está longe da média de cinco anos, de 338 pontos-base. Em parte, isso se deve à disparada do rendimento da dívida pública dos EUA. A taxa do título do Tesouro com prazo de 10 anos subiu 45 pontos-base desde 8 de novembro. Como são menos líquidos, os títulos de mercados emergentes demoram mais para refletir uma nova realidade.

Isso é má notícia para os investidores. Até o momento, as variações de preços se concentraram nos papéis mais líquidos. À medida que os ajustes se disseminam, as oscilações se tornam mais violentas. Quando observam a venda de títulos raramente negociados, os intermediários do mercado financeiro costumam defender a carteira por meio de lances que consideram baratos e que sabem que os vendedores dificilmente aceitarão. O fenômeno pode se intensificar com a falta de liquidez típica de dezembro.

Ou seja, os spreads médios talvez estejam começando a acompanhar a tendência geral. Se os títulos de mercados emergentes não se estabilizarem nas próximas duas semanas, a rodada de vendas que vem por aí pode ser muito mais dolorosa.

Esta coluna não necessariamente reflete a opinião do conselho editorial da Bloomberg LP e seus proprietários.

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