O especialista de mercado Vitor Martinez contribuiu para a elaboração deste artigo.
O contexto
A volatilidade da moeda brasileira costumava disparar perto do primeiro e segundo turnos das eleições presidenciais e então diminuía quando o nome do favorito ficava mais evidente. Mas não é isso o que acontece em 2018.
A volatilidade do real atingiu o maior nível durante um ciclo eleitoral desde a campanha de 2002, que levou Lula à presidência. Na época, Lula prometeu ampliar os gastos sociais, o que aumentou o temor de inflação e desvio de recursos para pagamento da dívida pública. A volatilidade cambial recuou antes de Lula assumir o cargo.
Nos três ciclos eleitorais seguintes — em 2006, 2010 e 2014 —, a volatilidade do real diminuiu em agosto e subiu em outubro.
Muita coisa mudou de lá para cá. Escândalos de corrupção abalaram a confiança no PT e no sistema político em geral. Dilma Rousseff sofreu impeachment em 2016 e Lula está preso, cumprindo pena por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. Ele anunciou sua candidatura às eleições presidenciais de outubro e possui mais de 30 por cento das intenções de voto, porém, sua sentença pode manter seu nome fora das urnas.
A questão
O alívio típico de agosto não se repetiu em 2018, o que abre potencial para um salto ainda maior da volatilidade em outubro. O real chegou ao nível mais depreciado em relação ao dólar desde o começo de 2016 e possui o pior desempenho entre as moedas de países emergentes.
A incerteza ainda pode se agravar. Nas pesquisas sem o ex-presidente Lula, Jair Bolsonaro lidera com 22 por cento das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha divulgada em 22 de agosto.
“A percepção sobre os candidatos ainda está mudando, então o mercado está fazendo uma análise diária das opções. Pode não gostar de um candidato hoje e gostar amanhã”, disse Marcelo Mello, um vice-presidente da SulAmérica Investimentos, em 21 de agosto.
Acompanhe a volatilidade provocada pela eleição
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