Renovação ética no mercado cambial tem cursos e aplicativo

Por Lananh Nguyen e Stefania Spezzati.

No mercado de câmbio, que movimenta US$ 5,1 trilhões por dia, os operadores estão tomando aulas de bom comportamento.

A publicação do Código Global de Câmbio (FX Global Code), na semana passada, está obrigando os participantes desse mercado a pensar em como os 55 princípios do documento – elaborado por líderes do segmento e bancos centrais como parte de um esforço global de limpeza – afetarão suas atividades diárias.

No caso do Citigroup, que é o maior negociador de moedas do mundo, a resposta veio na forma de uma ampla iniciativa educacional. Nos últimos anos, o banco treinou aproximadamente 1.300 funcionários globalmente sobre conduta no mercado, em linha com as recomendações apresentadas no novo manual. A Associação de Mercados Financeiros ACI introduziu um portal online que oferece testes sobre os padrões a seus 9.000 associados. Eventualmente, o treinamento estará disponível na forma de aplicativo móvel.

“Gastamos muito tempo, energia e dinheiro implementando mudanças”, disse Itay Tuchman, responsável global por negociação de câmbio do Citigroup, que atua em Londres. “É um objetivo central nosso restaurar a fé e a confiança no nosso setor.”

Após o escândalo

As diretrizes de cumprimento voluntário visam desarraigar má conduta após um escândalo de manipulação de taxas nos últimos anos ter resultado em multas somadas de US$ 10 bilhões para um punhado de bancos, incluindo o Citigroup. O código de 75 páginas vem após um esforço de dois anos direcionado pelos principais bancos centrais, que prometeram adotar as diretrizes e esperam que suas contrapartes nas transações com moedas façam o mesmo.

A maioria dos participantes do mercado provavelmente vai incorporar o código em suas práticas dentro de um ano, disse Guy Debelle, vice-presidente do banco central da Austrália, que liderou um grupo de autoridades de diferentes países para desenvolver os padrões.

“Queremos ser reconhecidos como líder de mercado que defende boas práticas”, disse Tuchman, do Citigroup, que assinou um termo se comprometendo com o código assim que foi lançado. “Se fizermos isso, será melhor para o nosso negócio.”

O banco incorporou os princípios em suas operações, de acordo com o diretor administrativo global para mercados locais e de câmbio, Mike Lawrence. O Citigroup treinou funcionários sobre conduta por meio de aulas em 20 países e cursos eletrônicos, em um programa que inclui aproximadamente 70 exemplos específicos. O banco também construiu ferramentas de monitoramento para detectar comportamento potencialmente inadequado.

200 perguntas

O treinamento da ACI passa por mais de 200 perguntas adaptadas a funções específicas, que os participantes podem usar para testar e obter certificação de seus conhecimentos dos princípios. Firmas que usam o sistema da ACI também podem definir pontuações que seus funcionários precisam atingir.

Apesar dos esforços para promover as melhores práticas, o escândalo de manipulação de taxas ainda reverbera por todo o setor.

Três britânicos que operavam câmbio e foram acusados de conspiração provavelmente vão se entregar a autoridades dos EUA, segundo pessoas a par da situação. Na semana passada, o BNP Paribas foi multado em US$ 350 milhões por envolvimento na manipulação de taxas de câmbio.

“Eu espero e acredito que o setor vá aderir ao código, mas em um mercado tão globalizado e diversificado como o de câmbio, provavelmente ainda haverá alguns maus exemplos”, disse Dan Marcus, presidente da plataforma de negociação ParFX. A adoção dos princípios provavelmente aumentará os custos em todo o setor, mas “é muito difícil argumentar contra eles”.

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