Resorts de luxo da Índia comemoram fim da proibição ao álcool

Por Anurag Kotoky, Upmanyu Trivedi e P R Sanjai.

O hotel Roseate é um premiado oásis de luxo com hectares de jardins ao lado do aeroporto de Nova Délhi. Sua localização perfeita, em um dos principais motores do turismo na Índia, foi um grande obstáculo durante meses.

O resort projetado por Lek Bunnag na via expressa Délhi-Jaipur estava entre as centenas de estabelecimentos sujeitos a uma decisão da Corte Suprema que proibia a venda de álcool a menos de 500 metros de uma rodovia. A proibição, implementada em 1º de abril para que motoristas embriagados não dirigissem, foi parcialmente cancelada pela mais alta corte do país na quarta-feira, aliviando os cinco meses de quedas nos negócios das empresas dos setores de bebidas e hospedagem da Índia.

Lojas de bebidas alcoólicas, restaurantes e hotéis localizados dentro dos limites municipais — mesmo que próximos a rodovias — terão permissão para venda de álcool, segundo decisão do tribunal. A notícia fez subirem as ações das fabricantes de cervejas e destilados do maior mercado consumidor de uísque do mundo e promete reanimar as reservas dos donos de hotéis, em dificuldades devido à queda do número de hóspedes.

“A proibição provoca um efeito dominó que vai além das vendas diretas de bebidas alcoólicas”, disse Ankur Bhatia, diretor-executivo da Bird Group, proprietária do Roseate, em entrevista antes da decisão do tribunal e após registrar cerca de 10 milhões de rúpias (US$ 156.170) por mês em vendas perdidas. Agora, a empresa precisa investir em marketing e em relações públicas para que os clientes saibam que as bebidas alcoólicas estão novamente sendo vendidas no hotel, disse ele, na quinta-feira. “As pessoas pensam: ’Eles não servem bebida alcoólica lá, então eu não vou’.”

As ações da United Spirits, controlada pela Diageo, fabricante do Johnnie Walker, subiram 4 por cento e a Radico Khaitan avançou 2,1 por cento. As vendas da United Spirits caíram 8 por cento em seu segmento de bebidas premium no período de três meses terminado em 30 de junho. A Radico Khaitan, fabricante da vodca Magic Moments, informou que as vendas globais caíram quase 6 por cento no mesmo período devido à proibição.

Fechamentos de bares

Prrem Tiwari, diretor-gerente da Trident Hotels, que administra o Portico, na cidade de Pune, disse que teve que fechar o restaurante e o bar da empresa depois que a queda no número de clientes dificultou o pagamento de salários e contas.

Cerca de 80 por cento dos bares da cidade, que fica a cerca de 150 quilômetros a sudeste de Mumbai, tiveram que fechar após a proibição, disse Tiwari.

“Estou esperando para abrir o meu restaurante” depois que o governo emitir uma notificação, disse ele por telefone na quinta-feira. “Perdi cerca de 7 milhões de rúpias nos últimos cinco meses.”

A Índia tinha cerca de 485 milhões de pessoas com idade legal para beber em 2013. O número é superior à população dos EUA e do México combinadas. Estima-se que outras 150 milhões se unirão a esse grupo até 2018 e a idade mínima de consumo varia de 18 a 25 anos dependendo do estado.

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