Sete tópicos insossos sobre a economia global

Por Mohamed A. El-Erian.

As reuniões anuais deste fim de semana do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, que juntaram ministros das finanças e presidentes de bancos centrais de quase 200 países, parecem não ter rendido mudanças materiais em formulação de políticas nos níveis nacional ou multilateral e ofereceram poucas razões para alterar as visões sobre as perspectivas econômicas globais.

Aqui estão os sete principais destaques da reunião de Lima:

1) A avaliação do contexto geral está longe de ser reconfortante. No comunicado do Comitê Monetário e Financeiro Internacional, divisão das políticas de alto nível, altas autoridades de governo de todo o mundo caracterizaram o crescimento econômico global como “modesto e desequilibrado, de uma forma geral” e fizeram observações sobre a incerteza crescente e a volatilidade financeira. Eles também expressaram preocupação em relação à piora das perspectivas de médio prazo.

2) Com as economias avançadas se saindo ligeiramente melhor que antes, é o mundo emergente que responde pelo maior incremento no risco de queda. Muitos desses países estão tendo dificuldades para lidar com o impacto simultâneo de “condições financeiras mais estritas, queda dos fluxos de capital e pressões cambiais em meio ao endividamento em moeda estrangeira pelo setor privado”.

3) As reuniões identificaram cinco prioridades para assegurar uma expansão global “forte, sustentável, inclusiva, rica em empregos e mais equilibrada”. As áreas das políticas são: um crescimento mais elevado (tanto imediato quanto potencial), redução do desemprego, preservação da sustentabilidade fiscal, garantia da estabilidade financeira e apoio ao comércio.

4) Embora as exigências específicas variem de país para país, existe um conjunto notável de prescrições comuns que se aplicam a muitos — incluindo políticas monetárias acomodativas, “gastos sociais e de infraestrutura eficientes” e a manutenção de defesas financeiras adequadas e regras prudenciais.

5) Em um aceno aos desafios enfrentados pelo Federal Reserve (Fed) em particular, as autoridades disseram que a “calibragem cuidadosa” das respostas nacionais precisavam ser combinadas com uma “comunicação efetiva das posturas políticas”.

6) Reconhecendo a necessidade urgente de uma efetiva cooperação e coordenação global das políticas, as autoridades deram as boas-vindas aos esforços do FMI para tornar suas iniciativas “ainda mais ágeis, integradas e focadas nos membros” como base para expandir o papel da instituição de monitorar, informar e influenciar as políticas nacionais. Além disso, levando em conta os perturbadores riscos de queda do bem-estar econômico e da estabilidade financeira, as autoridades estão planejando um “balanço do sistema monetário internacional, incluindo uma análise da adequação da arquitetura da rede de segurança financeira global”.

7) Finalmente, as autoridades novamente exortaram os EUA a ratificarem as modestas reformas da representação e da governança do FMI acordadas em 2010. É provável que o pedido continue sendo ignorado devido à disfunção no Congresso.

Em resumo, os dias de deliberações da maior reunião anual de altas autoridades econômicas e financeiras internacionais resultaram, em grande parte, em linguagem e cobertura clichês. Infelizmente, esse resultado tradicional e incontroverso provavelmente pouco ajudará no avanço da busca mundial para superar o persistente mal-estar econômico e a ameaça de instabilidade financeira.

Essa coluna não necessariamente reflete a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e seus proprietários.

Para ter acesso a notícias em tempo real entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.
 

Agende uma demo.