Trabalhar de casa não é a opção preferida dos empregadores

Por Rebecca Greenfield.

Pense rápido: quando você sonha com um trabalho mais flexível, como o imagina? Para a maioria de nós, o maior desejo seria trabalhar de casa — mas o futuro das modalidades flexíveis de trabalho poderia ser muito diferente.

A cada nova pesquisa nos EUA, os trabalhadores afirmam que a flexibilidade é um aspecto muito importante da satisfação com o trabalho. Mas o que eles realmente desejam é trabalhar de casa, segundo um estudo publicado recentemente pelo Washington Center for Equitable Growth.

A ideia não é realista para muitos campos de trabalho que estão crescendo mais rapidamente, e também não é algo que muitos empregadores estão oferecendo.

O trabalhador médio nos EUA sofreria um corte de 8 por cento em seu salário para trabalhar em casa, apontou o estudo. Outros arranjos laborais possíveis, como por exemplo espremer cinco dias de trabalho em quatro ou escolher horários diferentes de início e fim de expediente, parecem não justificar um salário mais baixo.

Trabalhar de casa, talvez mais do que qualquer outro arranjo, ajuda os trabalhadores, especialmente aqueles que são pais, a equilibrarem suas tarefas cotidianas de vida e trabalho. Com custos de cuidados infantis tão elevados, pode fazer mais sentido, do ponto de vista financeiro, que os pais permaneçam em casa, um fato que tem tirado muitas mulheres do mercado de trabalho. Não surpreende, portanto, que o estudo tenha apontado que as mulheres dão mais valor que os homens à opção de trabalhar de casa.

“Faz sentido que as mulheres deem valor a essa opção”, disse Amanda Pallais, economista de Harvard e uma das pesquisadoras. “As mulheres ainda têm uma responsabilidade primária pelo cuidado das crianças em muitas famílias. Se elas conseguem combinar o cuidado dos filhos com o trabalho, isso parece ser um grande benefício.”

Afinal, quase um terço das mulheres formadas deixa o mercado de trabalho quando tem filhos, segundo um estudo recente de 30 anos; o número é um pouco menor para aquelas que não são formadas. Nos EUA, sem licença-maternidade remunerada garantida pelo governo federal, muitas mulheres precisam voltar a trabalhar imediatamente ou deixar o mercado de trabalho de uma vez. E uma maior flexibilidade laboral, argumentam os pesquisadores, ajudaria a diminuir a diferença salarial entre os gêneros.

Contudo, trabalhar de casa regularmente é uma das formas menos populares de os empregadores darem flexibilidade aos seus funcionários e muitos dos empregos de mais rápido crescimento não permitem esse esquema mais confortável.

Em uma pesquisa com mais de 3.000 companhias, no ano passado, nos EUA, 60 por cento informaram que oferecem o chamado teletrabalho — mas apenas 20 por cento permitem que os funcionários trabalhem de casa em tempo integral, enquanto um terço oferece o benefício parcialmente. Para a maioria, flexibilidade significa permitir que as pessoas fiquem em casa quando precisam chamar um encanador, por exemplo, o que não resolve as necessidades contínuas de cuidados com a família de ninguém. De forma geral, os empregadores preferem ter as pessoas no escritório pelo menos parte do tempo.

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