Trump vacila e hedge funds ganham com apostas no peso mexicano

Por Katia Porzecanski e Simone Foxman.

Enquanto o peso mexicano despencava dia a dia frente ao dólar no mês passado, um grupo de hedge funds prestava atenção. O peso, eles calcularam, estava sendo excessivamente castigado por investidores que temiam que Donald Trump ganhasse a eleição presidencial dos EUA e colocasse em prática seus planos para modificar as relações dos EUA com seu vizinho ao sul.

Agora, apenas poucas semanas depois, esses fundos — incluindo Callaway Capital Management, North Asset Management, One River Asset Management e Sagil Capital — estão colhendo um lucro rápido, porque as desventuras da campanha de Trump fizeram com que o peso se tornasse a moeda de melhor desempenho do mundo. Ele deu um salto de cerca de 5 por cento após ter atingido um piso recorde antes do primeiro debate da campanha presidencial dos EUA no mês passado.

Uma série de fatores levou cada um dos gestores de hedge fund a apostar no peso, mas um denominador comum foi que todos consideraram que o mercado estava superestimando as chances de Trump derrotar Hillary Clinton na eleição, marcada para o próximo mês. Essa análise foi recompensada rapidamente, porque considerou-se que Trump foi vencido no primeiro debate e, depois, revelações de seus comentários degradantes sobre mulheres fizeram com que sua campanha afundasse em uma crise completa na semana passada.

“Gosto do México por dezenas de outros motivos, mas Trump torna muito mais fácil”, disse Daniel Freifeld, sócio da Callaway, que tem sede em Washington. Ele mencionou que o país tem inflação baixa e capacidade para se adaptar à redução da receita obtida com o petróleo, acrescentando que aposta na moeda através de uma cesta de ações e títulos denominados em pesos.

A moeda mexicana foi um termômetro da ansiedade dos investidores em relação à eleição presidencial dos EUA, porque caiu quando Trump avançou e subiu quando ele despencou. O peso se desvalorizou mais do que todos os outros pares monitorados pela Bloomberg neste ano depois da libra britânica, em parte por causa das propostas de Trump para renegociar ou encerrar acordos comerciais com o México e bloquear remessas de valores para obrigar o México a bancar um muro na fronteira com os EUA.

Mesmo após ter avançado 2 por cento na segunda-feira, para 18,93 por dólar, a taxa de câmbio efetiva real do peso — a cotação ponderada da moeda contra uma cesta de outras moedas importantes, ajustada por inflação — mostra que ela está subvalorizada em comparação com os padrões históricos. O indicador caiu para o valor mais baixo desde 2009 no dia 26 de setembro, de acordo com um índice do Barclays, antes de se recuperar levemente. Ele continua 13 por cento abaixo de sua média de cinco anos.

As quedas sofridas pelo peso quando Trump avançou nas pesquisas no início deste ano significam que a moeda tem espaço para se valorizar para 17,3 por dólar se Hillary vencer a eleição, de acordo com a Nomura Holdings. O Itaú Unibanco Holding está apenas um pouco menos otimista e estima que a moeda será negociada a 17,5 por dólar se Trump perder.

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