Vale está preparada para competir em qualquer nível de preço

Por Jasmine Ng com a colaboração de James Poole e David Stringer.

A Vale acabou de fazer três alertas duros: primeiro, o drástico aumento deste ano não é completamente justificado pelos fundamentos; segundo, cuidado porque a oferta de baixo custo deve se recuperar; e terceiro, a empresa brasileira está preparada para competir a qualquer nível de preço.

“Teremos que nos preparar para períodos mais duros”, disse Claudio Alves, diretor global de marketing e vendas de minério de ferro da empresa com sede no Rio de Janeiro, em uma conferência do setor em Cingapura nesta quinta-feira. “Menos de um mês atrás, o preço estava acima de US$ 70. Se você voltar três meses, ele estava em US$ 38. Isso mostra que há uma grande volatilidade”.

O minério de ferro disparou no período de três meses terminado em abril porque os indícios de uma demanda mais firme na China ajudaram a desencadear uma febre especulativa entre os investidores locais. Isso fez com que órgãos reguladores e bolsas interviessem, ajustando as normas para combater o surto e esfriar os preços. A Vale, maior produtora do mundo, e a rival australiana BHP Billiton sinalizaram perspectivas de aumento da oferta de baixo custo na reunião, onde Alves disse que o projeto S11D da Vale, de 90 milhões de toneladas, começará a fornecer minério de ferro no último trimestre de 2016.

“Ainda vamos ver alguma capacidade adicional entrando no mercado”, disse Alves, prevendo que o S11D poderia produzir entre 30 milhões e 40 milhões de toneladas em 2017, chegar a 80 por cento da capacidade até 2018 e à plena capacidade em 2019. “Isso vai representar alguma pressão em termos de preço”, disse ele, referindo-se aos aumentos da produção em todo o setor.

Abundância

A expansão da produção de baixo custo transportada por via marítima pode continuar sendo superior ao crescimento da demanda no curto e médio prazo, disse Vicky Binns, vice-presidente de marketing de minerais da BHP, na conferência, prevendo uma oferta adicional de 270 milhões de toneladas entre 2014 e 2020. Os estoques portuários na China, que aumentaram 6,2 por cento em 2016 mesmo com a recuperação da demanda, podem continuar crescendo durante o resto do ano, disse Binns.

Antes do aumento inesperado nos primeiros meses de 2016, o minério de ferro tinha recuado durante três anos seguidos porque o aumento da oferta mundial superou a demanda em um momento em que o consumo de aço na China começou a cair. Os preços de referência, que subiram para mais de US$ 190 a tonelada em 2011, caíram 39 por cento no ano passado.

“Tivemos uma boa amostra do tipo de volatilidade que podemos ter no futuro”, disse Alves, acrescentando que os custos da Vale por tonelada tornaram a empresa uma das produtoras mais baratas. “Estamos preparados para competir em qualquer nível de preço porque estaremos do lado esquerdo da curva”.

Para ter acesso a notícias em tempo real entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.
 

Agende uma demo.