Maior uso de jatos compartilhados reduz encomendas de aviões

Por Thomas Black.

Graças às novas tecnologias, as viagens em jatos particulares deixaram de ser para os titãs dos negócios e para os super ricos. Paradoxalmente, isto faz com que fabricantes de aeronaves como Cessna e Bombardier vendam menos aviões.

O setor da aviação em geral está passando por uma grande reformulação em um momento em que novos modelos de negócios tentam casar aviões ociosos com passageiros, muitos dos quais atualmente não podem bancar um avião próprio. Empresas que trabalham com adesões dos membros, programas de carona compartilhada, operadoras de voos fretados sob demanda e startups que afirmam ser o Uber da aviação privada buscam apresentar mais pessoas à conveniência de voar sem a confusão dos aeroportos comerciais.

“Infelizmente para as fabricantes de aviões, esses novos programas não estão comprando muitos jatos novos”, disse Brian Foley, consultor para aeronaves comerciais que trabalhou 20 anos como diretor de marketing da unidade de jatos norte-americana da francesa Dassault Aviation. “Eles estão simplesmente tentando usar os ativos existentes e conseguir uma maior utilização das aeronaves ociosas.”

As fabricantes reduziram a produção de alguns modelos para se ajustarem à demanda mais fraca por aeronaves privadas. As entregas de novos jatos deverão ter um declínio de 6,4 por cento neste ano, para 645, e cair mais 3,7 por cento no ano que vem, para 625, segundo o JPMorgan.

Esses declínios contrastam com o aumento de mais de 5 por cento nas horas de voo do mercado de voos fretados no período de outubro a setembro nos últimos três anos, segundo a Argus International.

‘Democratização’ do setor

O aumento da atividade de fretamento se deve em parte às novas opções que abriram o mercado para além dos clientes super ricos, disse Brad Stewart, CEO da XOJet, que opera uma frota de 41 aeronaves usadas para aluguel.

“A democratização da aviação privada é um assunto importante e chegou para ficar”, disse ele. “Esse movimento está realmente aproveitando o acesso à aviação privada para levá-la dos 10 por cento dentro do universo do 1 por cento mais rico até pessoas que são simplesmente ricas.”

A XOJet se associou à JetSmarter, companhia que cobra uma tarifa anual de seus membros, sem custos extras, se eles pegam uma carona em um voo privado já programado por outro membro. A JetSmarter, que não possui aviões, compra horas de voo da XOJet e de outras operadoras, o que lhe permite garantir voos para seus usuários. O resultado é que há mais passageiros no mesmo número de aviões privados.

Já a Wheels Up, fundada pelo veterano do setor Kenny Dichter, está ganhando passageiros com um modelo de adesão que oferece disponibilidade garantida de aviões a preços reduzidos. A companhia opera com sua própria frota de jatos de segunda mão Cessna Excel/XLS e com o recém-adquirido turboélice King Air 350i.

As fabricantes de aviões dizem que, na verdade, os novos modelos poderão ajudar o setor. Embora atualmente muitos dos programas não estejam resultando em novas encomendas de jatos, eles apresentam as pessoas à eficiência do voo particular e elas poderão virar clientes no futuro, disse Scott Ernest, CEO da Cessna, uma unidade da Textron.

“É bom para nós”, disse Ernest. “Eu na verdade vejo tudo isso como uma forma de trazer novos clientes para o mercado.”

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