Moda do Snapchat faz com que adolescentes mandem fotos de nada

Por Lizette Chapman.

Abby Rogers, uma adolescente de 15 anos da área da Baía de São Francisco, na Califórnia, recentemente tomou medidas extremas para ajudar uma amiga no Michigan.

Os pais da amiga tinham confiscado o telefone dela, e ela foi de bicicleta até a biblioteca local para usar um computador, enviou seu nome de usuário e senha no Snapchat a Rogers e lhe pediu um grande favor.

Todos os dias, durante duas semanas, Rogers teria que fazer login no aplicativo de mensagens e trocar fotos entre a conta da amiga e a sua. Não importava de quê: podiam ser fotos de paredes, do teto – de qualquer coisa mesmo – desde que elas mantivessem viva um fluxo constante e diário de mensagens conhecido como “snapstreak”. Graças à intervenção de Rogers, o snapstreak das garotas já tem mais de 270 dias.

Manter os streaks ativos se tornou algo tão urgente que Rogers confere o aplicativo do Snapchat no celular mais ou menos a cada 15 minutos. Da última vez que conferiu, ela tinha 12. Se os amigos não mandarem um snap durante 24 horas, os streaks morrem, rompendo um dos elos digitais que unem os adolescentes dos EUA.

“Às vezes acabo fazendo um streak no meio da aula. Coloco a tela do celular para cima e tiro uma foto do teto”, disse Rogers, que se sente “culpada” se não responde imediatamente aos snaps dos amigos. “Eu não quero deixá-los no ar”.

Por causa desse tipo de obsessão digital, o Snap se tornou a nova queridinha das redes sociais. Uma abertura de capital já em março poderia avaliar a empresa em pelo menos US$ 20 bilhões. O Snap planeja apresentar documentação no final desta semana, informou a Bloomberg em 27 de janeiro.

Urgência

Os Snapstreaks começaram em abril de 2015 como parte de uma atualização mais geral do aplicativo que apresentou os Friend Emojis. Estes simbolizam uma hierarquia de relacionamentos: no topo estão as pessoas a quem você manda mais snaps e que mais manda snaps para você. Elas ganham o emoji de um coração dourado. Mais abaixo, o emoji de um sorriso malicioso significa que uma pessoa manda mais mensagens a você do que aos outros, mas você faz mais snaps com outros.

Snap aumenta a urgência colocando o emoji de uma ampulheta do lado do nome de um amigo se um streak estiver prestes a acabar. “Os criadores criaram um sistema no aplicativo para que você tenha que conferir constantemente ou correr o risco de ficar de fora”, disse Nancy Colier, psicoterapeuta e autora de “The Power of Off”. “Isso apela ao medo primordial da exclusão, de ficar fora da tribo e não conseguir sobreviver.”

Os investidores na abertura de capital vão analisar com atenção o número de usuários para garantir que haja suficientes pessoas no Snapchat para ver os anúncios que gerarão a maior parte da receita da empresa. Eles são impiedosos quando dados desse tipo não são confiáveis. Antes da abertura do Twitter, em 2013, a empresa anunciava mensalmente o crescimento do número de usuários ativos e de visualizações da linha do tempo, mas depois voltou atrás em relação a esses números. As ações caíram mais de um terço desde a estreia da empresa no mercado público.

Rogers, a adolescente de Moraga, Califórnia, diz que ela ignora anúncios nas três ou quatro horas por dia que passa no aplicativo. O foco dela é manter os streaks com as amigas. “É assim que mantemos o contato”, disse ela.

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