Alibaba entra em 2016 lutando contra reputação em baixa

Por Lulu Yilun Chen.

Fãs de Star Wars com pouco dinheiro podem conseguir uma estatueta de Darth Vader e sabres de luz por apenas US$ 4,59. As camisetas de Tom Brady custam quase dez vezes menos que na loja da National Football League. É possível encontrar um par de fones de ouvido Beats Solo por apenas US$ 107 – cerca de metade do preço oficial.

Há muitas pechinchas no site Taobao, da Alibaba Group Holding Ltd.: um bazar parecido com o eBay, onde compradores e vendedores se encontram. O presidente do conselho, o bilionário Jack Ma, está lutando para que a companhia se livre da reputação de paraíso das imitações baratas e das mercadorias não autorizadas 21 meses depois de ter dito que os produtos falsificados são um câncer. Ele vai entrar em 2016 depois de um ano doloroso, em que mais de US$ 50 bilhões foram eliminados do valor de mercado em meio a processos judiciais e críticas dos entes reguladores da China e dos EUA.

Limpar sua imagem no próximo ano é crucial para o objetivo da Alibaba: conquistar a confiança de comerciantes e consumidores no exterior, de onde Jack Ma deseja obter mais de metade da receita da companhia dentro de dez anos. A desaceleração da economia chinesa coloca ainda mais pressão nesta iniciativa. No mercado local, um dos fatores que levam a JD.com Inc. a conquistar clientes é que a própria empresa tenha um estoque e venda diretamente aos consumidores, um modelo de negócios mais fácil de policiar e regular, disse Michelle Ma, analista da Bloomberg Intelligence.

“A esta altura, a diretoria já deveria ter eliminado esse problema”, disse Cyrus Mewawalla, diretor administrativo da CM Research, que tem sede em Londres. “O fato de ainda não ter feito isso é um sinal preocupante para os investidores”.

Problema maior

A luta da Alibaba contra produtos falsificados e questionáveis é parte de um problema mais amplo na China, onde a pirataria é desenfreada e imitações de todo tipo de coisa, de DVDs a eletrodomésticos, prosperam. No entanto, com o tempo, a crescente classe média do país vai demandar bens de melhor qualidade, o que obrigará a Alibaba a endireitar seus negócios.

A Alibaba ganha dinheiro com o Taobao por meio da receita obtida com publicidade, e comerciantes terceirizados estocam os distintos produtos à venda, como brinquedos, alimentos e equipamentos médicos. Como os bens não estão nas mãos da Alibaba, é mais difícil verificar se eles são originais.

A companhia tem uma força-tarefa de mais de 2.000 pessoas que monitora fraudes e removeu 90 milhões de ofertas de produtos antes da abertura de capital da empresa, em 2014. Proprietários de marcas podem utilizar um formulário virtual de queixa para denunciar infrações; os acusados de vender fraudes têm três dias para refutar as alegações com provas ou a oferta será retirada, de acordo com o site da Alibaba.

A Alibaba também trabalhou com marcas como Nike e Adidas para remover tênis, bolsas e relógios falsificados do Taobao e milhares de vendedores foram penalizados.

Lista negra

Isso não acabou com as críticas.

Na semana passada, o Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) alertou que a companhia deveria se empenhar mais para não voltar à lista negra “Notorious Markets”, da que só conseguiu escapar em 2012. O órgão federal emitiu uma advertência severa de que as iniciativas da Alibaba para combater a pirataria e responder às queixas seriam monitoradas no próximo ano.

O órgão informou que proprietários de direitos tinham criticado o programa da Alibaba de aplicação das normas, dizendo que ele é lento demais, difícil de usar e pouco transparente. O USTR não colocou o Taobao novamente na lista, mas recomendou processos mais simples para se registrar e exigir a aplicação da lei, e a redução do tempo para retirar ofertas do ar e emitir as penalizações.

Voltar à lista acusatória prejudicaria a reputação da Alibaba nos EUA, onde suas ações são comercializadas e onde a empresa está tentando nutrir relações com lojas e companhias de entretenimento.

Apesar de ser o maior operador da China, a Alibaba é extremamente dependente de seu mercado doméstico, que gera mais de 80 por cento de sua receita. Como a economia doméstica está desacelerando, a capacidade de crescer no restante do mundo será fundamental.

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