0,01% de Wall Street: guru só fala com elite de hedge funds

Por Andrea Wong.

Jens Nordvig, um dos profissionais com a bola de cristal mais cobiçada do mundo das finanças, vende segredos para ganhar dinheiro a quem pagar US$ 30.000 por ano.

Mas para ter acesso às melhores ideias dele e ao toque pessoal que os hedge funds endinheirados apreciam, o preço é 20 vezes maior.

Essa abordagem dupla para pesquisas que, pelo menos oficialmente, estão fora do alcance dos bancos de Wall Street reflete uma das mudanças mais impressionantes no ramo atualmente: a ascensão de um sistema de classes no qual alguns negócios atendem apenas clientes que pagam muito. É claro que o universo das finanças sempre incluiu quem tem pouco e quem tem muito. Mas a distância cada vez maior em Wall Street entre o que obtêm os privilegiados e o que o resto obtém está criando uma nova elite financeira: o 1 por cento do 1 por cento.

Quem não faz parte do 0,01 por cento pode então prestar serviço para esse grupo.

“Ou os investidores obtêm assessoria personalizada de alguém em que realmente confiam ou recorrem a ferramentas de dados, bons robôs — e o preço dessas duas opções é diferente”, explicou Nordvig em entrevista em seu escritório compartilhado da franquia WeWork, próximo ao histórico edifício Flatiron, em Manhattan.

Para o dinamarquês de 42 anos — que saiu da Nomura Holdings em janeiro após cinco anos sendo considerado o melhor estrategista de câmbio de Wall Street —, isso significa alavancar sua posição para erguer a própria empresa, a Exante Data, em torno de um grupo seleto dos maiores nomes em hedge funds e do dinheiro que dispõem.

De acordo com investidores e pessoas com conhecimento da situação, a Exante tem entre seus clientes a Key Square, fundada por um protegido de George Soros chamado Scott Bessent, e a Graticule, firma de Adam Levinson que foi desmembrada da Fortress Investment Group e tem sede em Cingapura. A Graticule não retornou pedidos de comentário da reportagem.

Nordvig preferiu não identificar firmas específicas, mas diz que são só “cinco a sete” grandes instituições, que pagaram o suficiente para cobrir a maior parte do custo de abrir a empresa dele. Por princípio, ele não está aceitando novos clientes. Enquanto os seis funcionários da Exante estão focados no lançamento de produto analítico, Nordvig dedica a maior parte do tempo à limitada clientela.

Ele está em contato com os clientes praticamente todo dia e fica disponível 24 horas por telefone ou mensagem. As pesquisas dele são personalizadas para atender às necessidades individuais de cada um e Nordvig diz que é comum passar horas com uma firma debatendo estratégias de operação e política macroeconômica.

No fim de julho, ele ficou até meia-noite defendendo sua teoria ousada junto a um hedge fund cliente da Ásia de que o Banco do Japão iria manter tudo igual em vez de anunciar o conjunto de medidas de estímulos que todo mundo esperava. Ele convenceu a firma a não ficar descoberta em ienes, o que se provou uma decisão correta porque a moeda japonesa disparou após o não evento da autoridade monetária.

“Nos bancos, é produção em massa. É Target versus Hermès”, disse o dinamarquês, comparando a rede de supermercados dos EUA à marca de luxo.

Por enquanto, seus clientes gostam do que veem.

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