100 anos de crescimento lento: Culpe a má gestão econômica, não o Imperialismo dos Estados Unidos

Por Justin Fox.

Em 1800, os Estados Unidos, o Canadá, a Europa Ocidental, a Austrália e a Nova Zelândia experimentaram uma modificação significativa e conquistaram padrões de vida muito mais elevados. Desde meados do século 20, a Ásia está engajada em recuperar o tempo perdido. Alguns países africanos também começaram a registrar grandes avanços, ainda que a África subsaariana se mantenha a região mais pobre do mundo de longe. Há, então, a América Latina e o Caribe. No século 19, alguns dos países e colônias ao sul dos Estados Unidos estavam entre os mais influentes do mundo.

No século 20, a maior parte deles se tornou muito mais influente em termos gerais, de qualquer maneira, eles perderam espaço relativo, especialmente durante os últimos 50 anos, enquanto os países ricos se tornaram mais ricos e as nações asiáticas conseguiram se tornar ricas.

Em termos de PIB per capita, das quatro maiores economias latino-americanas por população, a Argentina teve o período mais agitado de todos – e não de um jeito positivo. Começou como o mais afluente dos quatro e terminou como um segundo colocado bem próximo do primeiro, mas teve alguns períodos bem ruins por conta da guerra contra o Reino Unido e as crises financeiras repetidas.

Os dois países mais populosos, Brasil e México, cresceram mais regularmente, mas certamente não de maneira espetacular. E a Colômbia parece que talvez, apenas talvez, conseguiu virar a página da década passada, ainda que seu principal produto de exportação seja o petróleo, e isso pode não durar muito.
 

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Veja os outros quatro e você encontrará um grande vencedor e um grande perdedor: a Venezuela estava com problemas bem antes de Hugo Chávez se tornar presidente, em 1999, ainda que ele tenha deixado o país tão vulnerável perante a recente queda do preço do petróleo, que acredito que em 2015 o país vai perder ainda mais espaço.

Já o Chile é a história econômica de maior sucesso na América do Sul − um grande exportador de commodity (basicamente cobre) que conseguiu escapar da maldição dos recursos que tão tradicionalmente atormenta países com histórico parecido. O Peru passou por décadas terríveis em 1980s e 1990s, mas o cenário parece melhor ultimamente. O Equador também está vendo crescimento depois de 25 anos estagnado, mas, como a Colômbia e a Venezuela, depende muito do petróleo.

Portanto, entre os maiores países latino-americanos há um grande sucesso, Chile, e um grande fracasso, Venezuela, e vários países que tiveram avanços, mas lentos. É possível ver isso com mais clareza quando você compara com países de fora da América Latina e do Caribe.
 

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Em comparação com essas outras economias, mais dinâmicas, a América Latina parece ter tido bem pouco progresso. Não vou tentar discutir todas as razões possíveis para isso, em parte por elas variarem bastante entre os diversos países. Estou disposto a me arriscar a dizer que não acredito que o Imperialismo dos Estados Unidos ou uma má sorte persistente são capazes de explicar o crescimento lento da América Latina. Claramente, esses países − com a possível exceção do Chile − não estão entre as economias mais bem tocadas no mundo.

Justin Fox é colunista da Bloomberg View. Esta coluna não reflete, necessariamente, a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e dos seus proprietários.

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