2017 será ‘muito bom’, quando a tempestade passar, diz CEO da telefônica

Por Rodrigo Michelotti.

10-6-2015 10-16-49 AM

Telefônica Brasil está buscando se capitalizar a partir da crise brasileira, que espera-se que termine em 2017, disse o CEO Amos Genish, em uma entrevista a Bloomberg, na sede em Nova Iorque, em setembro de 2015. Ele foi acompanhado pelo CFO Alberto Horcajo Aguirre. Seus comentários foram editados e resumidos.

Perspectivas macro
Estamos no meio da tempestade, e alguma hora ela vai passar. Teremos dois anos difíceis, 2015 e 2016, e as empresas precisam ser mais eficientes, mais produtivas, criativas e encontrar uma maneira de passar esse período sem ferir seu modelo de negócio. Quando leio o noticiário, parece que o país está em colapso. Não é verdade. Nós temos ainda US$300 bilhões de reservas. É um cenário diferente para a Grécia e outros países europeus que estiveram em uma situação difícil ao longo dos últimos anos.

Desemprego está crescendo mas ainda está na casa dos 8%, e não 20%, como na Espanha. O governo está mostrando alguns sinais que finalmente estão percebendo o que precisa ser feito. Sim, temos uma crise política e problemas de alinhamentos entre Congresso e governo. Agrada muitos investidores ver o governo preferindo cortar despesas e não aumentando impostos.

CFO Alberto Horcajo Aguirre Dois terços da nossa receita vêm dos dispositivos móveis. Nós já estamos muito bem posicionados para beneficiar-se da demanda insatisfeita de brasileiros que vai querer cada vez mais. Mesmo com a economia passando por tempos difíceis, a demanda não tem diminuído. Estamos tomando vários golpes em nossos números esse ano. O governo brasileiro liberou alguns preços que estavam sendo controlados.

A inflação subiu rapidamente, o que foi um duro golpe para nós. Estamos lutando ainda contra um deterioramento do crédito que também nos atinge. Temos visto uma inadimplência maior do que estamos acostumados.

Em recuperação
Acredito que 2017 será um ano muito bom para o Brasil; 2016 é um ano perdido. Claramente a inflação estará mais controlada e o PIB vai diminuir menos do que em 2015, o desemprego vai continuar a subir, talvez mais do que este ano. Mas esse será o pico.

Estratégia corporativa
Uma empresa como a Telefonica, que é um investidor de longo prazo no país, não deve mudar sua estratégia por causa de uma crise temporária. O Brasil vai se recuperar, é um país muito estratégico para nós, e você não muda sua estratégia nesse nível por causa de uma crise. Você ajusta seu modelo de negócio, suas táticas, mas você não muda sua estratégia. Estamos buscando oportunidades de entrar em novos segmentos, reduzindo custos, sendo mais eficientes. Não desperdice uma crise.

Câmbio
A taxa de câmbio é um desafio. Temos cerca de 40 por cento do nosso capex ligado ao dólar. Nossos fornecedores estão fora do Brasil. Começamos uma dura negociação sobre os preços em reais para o próximo ano. Esse tipo de desvalorização é um choque para o sistema e veremos isso em diferentes partes da economia no próximo ano.

Classificação de crédito
Aguirre Nossa classificação de crédito foi mantida pela S&P no momento que eles revisaram o rating soberano, e nós estamos acima do junk. Nós temos uma dívida pequena, e ela está nas mãos de poucos investidores locais. Não temos nenhuma dívida em moeda estrangeira. Não iremos ao mercado em breve, então não estamos particularmente preocupados.
 

TELECOM ITALIA FALA SOBRE REVISÃO DA ESTRATÉGIA PARA BRASIL

Telecom Italia planeja rever a sua estratégia no Brasil por causa da recessão econômica que atinge o país que gera quase 30 por cento da receita da companhia telefônica, de acordo com o CEO Marco Patuano.

“Para a nossa unidade Brasil, estamos focados no momento em investimentos orgânicos, mas nós precisamos rever o plano estratégico já que a situação no Brasil piorou muito”, Patuano disse a jornalistas em Roma, no dia 21 de setembro. Telecom Italia possui cerca de dois terços da Tim Participações no Rio de Janeiro, a segunda maior rede sem fios do Brasil, com o valor de mercado de cerca de US$5,1 bilhões.

Patuano será dirigido para o Brasil esta semana para uma reunião do conselho da Telecom Italia, agendada para 25 de setembro, no Rio de Janeiro.

No Brasil, três anos de investimentos planejados totalizariam mais de 14 bilhões de reias (US$3.6 bilhões), valor necessário para ampliar a cobertura móvel de quarta geração em mais de 15.000 locais, e a cobertura 3G para mais de 14.000 locais em 2017, disse a Telecom Italia, em 20 de fevereiro.

“A maioria dos nossos investimentos no Brasil continuará a ser em dólares americanos”, disse Patuano, que afirmou ainda que vê um segundo semestre positivo para os negócios globais da empresa porque os “compromisso sobre os investimentos começaram a dar frutos” e o mercado doméstico mostrou forte recuperação devido a uma menor concorrência e um melhora no cenário macroeconómico.
 

Agende uma demo.