6 gráficos explicam como a UE perde dinheiro, influência e poder com o Brexit

Por Ian Wishart.

A partida iminente do Reino Unido da União Europeia significa que o resto do bloco se despede não só de seu integrante mais peculiar, como também de um dos mais ricos, com o maior orçamento de defesa e o mais bem sucedido centro de serviços financeiros.

A primeira-ministra Theresa May promete acionar agora em março o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que inicia as negociações de saída que devem durar dois anos. Os seis gráficos a seguir mostram o que a UE perderá quando o Reino Unido eventualmente partir.

O Reino Unido é quem gasta mais com defesa na UE

Defesa ainda é alçada dos governos nacionais, mas há motivos para os países europeus vizinhos à Rússia sentirem medo de perder uma rede de proteção. Sendo assim, o Reino Unido pode usar seu alcance militar para ganhar vantagem nas negociações do Brexit.

Somente Reino Unido e França possuem armas nucleares na UE. Os britânicos participaram de diversas operações militares da UE, especialmente na África, em missões de paz e treinamento. O governo britânico informa que haverá continuidade da cooperação de algum modo, mas a UE reconhece a perda de expertise e poder.

Reino Unido dá à UE maior influência no cenário global

Embora a UE seja uma organização multinacional, seus países se representam individualmente na maioria das instituições globais. Nada garante que se posicionem da forma que reza a UE quando se encontram em fóruns como o Grupo dos Sete, mas geralmente tentam coordenar suas posturas.

Reino Unido e França são os dois únicos países da UE que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

O Reino Unido usava as regras de livre movimentação de pessoas da UE para receber estrangeiros

Um dos princípios mais caros à UE é permitir que seus cidadãos vivam e trabalhem em qualquer um dos países do bloco, não importa sua origem. Esta regra é também um dos principais motivos para 17,4 milhões de eleitores britânicos terem votado a favor do Brexit. Com leis trabalhistas liberais, bom desempenho econômico e idioma global, o Reino Unido atrai europeus que podem usar a regra de livre movimento.

O status dos europeus que já moram no Reino Unido ainda não foi garantido e precisa ser acertado nas negociações sobre o Brexit. No longo prazo, o Brexit elimina para inúmeros cidadãos britânicos a oportunidade de viver em um de seus países favoritos.

Centro financeiro de Londres tem peso

O setor de serviços financeiros será palco de uma das principais batalhas nas negociações do Brexit. O Reino Unido é responsável por 37 por cento de todas as transações no mercado global de câmbio, 39 por cento das negociações de derivativos de balcão e é o maior centro de empréstimos a bancos internacionais, com uma fatia de 17 por cento, segundo o grupo de defesa de interesses TheCityUK.

Agora se trava a luta para proteger o setor após o Brexit, seja mantendo o chamado direito de “passaporte”, que permite que bancos globais com operações em Londres ofereçam serviços ao resto da Europa e, se isso não der certo, garantindo a tal “equivalência”, que dá a empresas com bases fora da UE acesso privilegiado, embora focado, ao mercado.

O Brexit abrirá um rombo no cofre da UE

Mesmo considerando o desconto obtido por Margaret Thatcher em 1984, que reduz a contribuição anual britânica em 5 bilhões de libras esterlinas (US$ 6 bilhões) por ano, a contribuição líquida do Reino Unido ao orçamento do bloco é a segunda maior.

Quando o Reino Unido partir, a UE terá 12 bilhões de euros (US$ 13 bilhões) por ano a menos no cofre. Como mostra o gráfico, os países que antes estavam atrás da chamada Cortina de Ferro terão mais a perder. A UE começará a preparar o orçamento de 2021-2027 na época que o Reino Unido sair e precisará lidar com o rombo.

A UE se despede de um de seus integrantes mais ricos

A UE está perdendo sua segunda maior economia. A taxa de desemprego britânica só é maior do que a de outros três países do bloco. O Banco da Inglaterra e a Comissão Europeia revisaram para cima suas estimativas para a expansão da economia britânica e afirmaram que o impacto do Brexit neste ano será menor do que se estimava antes.

Mas podem surgir problemas adiante. A dívida pública do Reino Unido corresponde a 89 por cento do PIB, uma das maiores da UE. O crescimento do PIB vai recuar de 2 por cento em 2016 para 1,2 por cento em 2018, segundo projeções da UE.

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