6 razões para acreditar que o Brasil vai superar a crise

Notícia exclusiva por Josué Leonel.

Um ano atrás, nem o analista mais pessimista imaginava que o Brasil chegaria a meados de 2015 com expectativas tão deterioradas. A economia pode ter recessão de 2% este ano e a inflação é estimada em 9,3%, mais do dobro da meta de 4,5%, segundo previsões do mercado. Paira ainda a ameaça de o País perder o grau de investimento, selo de bom pagador duramente conquistado em 2008.

A situação ainda pode piorar se governo e Congresso não acertarem os ponteiros para aprovar o ajuste fiscal e evitar a criação de leis que ampliam o gasto público. O risco de impeachment da presidente e as investigações da Lava Jato, cuja extensão e desfecho ainda são incertos, tornam qualquer prognóstico, no mínimo, arriscado.

Imperando o bom-senso, porém, haverá razões concretas para acreditar que o ajuste doloroso que o País atravessa agora dará resultados mais à frente.

A seguir, 6 fatores, nem todos macroeconômicos, que revelam possibilidades de superação da crise:

1) Balança comercial. Se há males que vêm para o bem, o câmbio é um bom exemplo. Com a recessão diminuindo a demanda interna, o dólar mais alto deve ajudar a reverter o déficit comercial. O saldo acumulado neste ano está positivo em US 4,6 bilhões, ante déficit de US$ 952 mi no mesmo período de 2014. O déficit em transações correntes, medida mais ampla que também inclui turismo e outras contas, deve cair de 4,5% do PIB em 2014 para 3,6% este ano e 2,9% em 2016, segundo o economista Cristiano Oliveira, do Banco Fibra.

2) Expectativas pós-2015. A volta do crescimento forte da década passada ainda não está no horizonte. Mas as expectativas do mercado já apontam alguma melhora no médio prazo. Em 2016, as estimativas ainda são medíocres, mas apontam que a economia pode parar de piorar, com o PIB saindo da recessão este ano para um crescimento perto de zero, e IPCA desacelerando dos atuais 9,6% para 5,4%. Para 2017 em diante, o mercado já vê o crescimento voltando, embora timidamente, e a inflação encostada no centro da meta. A percepção de melhora já deve ocorrer a partir do 2º semestre do ano que vem, quando o PIB já deve mostrar resultados trimestrais positivos, embora o resultado do ano possa ser negativo, diz Oliveira.

3) Investimentos. Uma das medidas para revigorar a economia após o ajuste fiscal e a alta dos juros já foi encaminhada. O plano anunciado em junho promete gerar R$ 198 bilhões em investimentos em infraestutura até 2018. Melhor do que o valor é a orientação do pacote, que trouxe regras consideradas pelo ex-ministro Delfim Netto como mais favoráveis aos investidores do que as observadas nos planos anteriores.

4) Mudança de rumo. A presidente Dilma abusou de um discurso agressivo contra a austeridade e o mercado para se eleger, o que ajudou a piorar a imagem do governo junto aos investidores. Após eleita, contudo, deu um verdadeiro cavalo de pau. Chamou para comandar a Fazenda Joaquim Levy, economista da escola ortodoxa de Chicago que é pró-mercado e defensor ferrenho do rigor nas contas públicas. Ou seja, pensa totalmente diferente das diretrizes do 1º mandato de Dilma, que levaram ao aumento da inflação e desaceleração do crescimento. Se Dilma perseverar no ajuste, enfrentando resignada os protestos e assumindo uma popularidade menor que a taxa de inflação, terá boas chances de recolocar a casa em ordem.

5) Efeito Lava Jato. A idéia de que os casos PC Farias, que levou ao impeachment de Collor, e Mensalão mudariam o País no campo ético, desencorajando futuros casos de corrupção, não passou de sonho. O Petrolão ocorreu justamente enquanto o Mensalão estava sendo julgado. Porém, a dimensão da investigação comandada pelo Juiz Moro supera todos os casos anteriores conhecidos e gera esperança. O Brasil passa por “uma sanitização” da política que tem aspectos positivos, diz o ex-secretário-executivo da Fazenda e sócio da Gávea Investimentos, Amaury Bier, que, apesar das preocupações com as incertezas de curto prazo, tem uma visão otimista para a economia após 2018.

6) Olimpíadas. Esqueça o feito multiplicador para o PIB que megaeventos como as Olimpíadas e a Copa teriam para a economia. Pelo menos para o Brasil, isso não passou de fantasia. Ainda assim, as notícias de que obras para os jogos do Rio estão dentro do cronograma geram a possibilidade de, ao contrário da Copa, o País evitar o vexame de ser cobrado para encerrar os preparativos na reta final. O Brasil não deve aproveitar os jogos para dar um salto no quadro de medalhas como fizeram China e Reino Unido, mas o Rio deve herdar uma melhor infraestrutura urbana e equipamentos esportivos de 1º mundo. Se Brasília não estragar tudo, a nova paisagem carioca será um bom símbolo do início da virada na economia.

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