A América Latina não deveria culpar o Fed

Por Jimena Zuniga.

O aumento de taxas pelo Fed não deveria ser motivo de tanta preocupação para a América Latina, já que isso demonstraria o fato de que a maior economia do mundo está se curando. Entretanto, um novo ciclo de apertos do Fed neste ano poderia se posicionar contra um cenário de crescimento global muito mais fraco do que da última vez. Além disso, os últimos anos de crescimento mais devagar e retração de commodities expuseram vulnerabilidades externas que fazem com que a região esteja menos preparada por condições financeiras globais mais apertadas.

Historicamente, o efeito do aperto do Fed na região depende do contexto: nos anos 1990, causou estragos, mas no início dos anos 2000 não impediu o crescimento da AL e o fortalecimento das moedas.
 

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Dois fatores principais são responsáveis por essa discrepância.

Primeiramente, durante o ciclo de altas de 2004-2006, a maior parte das economias da Amértica Latina já haviam aprendido com erros anteriores, remodelado estruturas monetárias e fiscais e estabelecido perfis de soberania e confiança externa. A correlação entre os crescimentos da América Latina e dos EUA – e especialmente a correlação entre os crescimentos da AL e do mundo – aumentou desde o início dos anos 2000, sugerindo mais influência de canais reais – e não ficcionais – e menor suscetibilidade a questões auto infligidas.
 

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Em segundo lugar, durante o ciclo de aperto do Fed de 2004-2006, o cenário do crescimento global era muito mais forte do que o dos anos 1990. O PIB mundial ultrapassava o dos EUA em 2 pontos percentuais, e havia aumentado praticamente no mesmo ritmo nos dois rounds de crescimento anteriores.
 

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Se o Fed começar a aumentar as taxas neste ano, essa história mais branda pode se repetir, já que a maior parte da região ainda conta com cenários macroeconômicos fortes e perfis de confiança. O crescimento global, todavia, provavelmente será muito mais lento.

Além disso, as vulnerabilidades domésticas nas frentes fiscais e externas provavelmente terão aumentado a sensibilidade da região às condições financeiras globais.

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