A demora da China pode forçar Correa a voltar para o mercado de títulos internacional

Por Nathan Gill.

O Equador pode, em pouco tempo, precisar olhar para o mercado de títulos internacional. De novo. Depois de negociar duas vezes no mercado, desde março, para levantar um total de 1,5 bilhão de dólares, o país sem dinheiro da Opep está enfrentando pressões crescentes para garantir novos financiamentos, já que o preço do petróleo retoma seu ritmo de queda e os empréstimos esperados da China estão atrasados, disse a Capital Economics e o grupo de pesquisas equatoriano Spurrier.

As finanças precárias do Equador empurraram os retornos para os títulos vendidos em março e maio para o valor recorde de 11,33 por cento em 21 de julho. Apenas os títulos da Ucrânia, em guerra, e da Venezuela têm taxas maiores nos mercados emergentes.

O presidente Rafael Correa baseou grande parte da receita do país em faturamento com commodity e empréstimos da China e de entidades multilaterais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento, para o financiamento estrangeiro desde o default de 3,2 bilhões de dólares de seis anos atrás. Mas com a queda de 52 por cento no preço do petróleo, no último ano, e a queda do financiamento do país asiático desde o pico, em 2010, ele está cada vez mais dependente dos credores de títulos de dívida soberana.
Enfrentando um déficit recorde neste ano, o Equador recebeu menos de um quarto dos 4,2 bilhões de dólares que a China prometeu investir no país em 2015.

“A pressão está, definitivamente, aumentando para ele voltar ao mercado”, disse o economista especializado em mercados emergentes da Capital Economics, Edward Glossop, em entrevista por telefone, falando diretamente de Londres. “A China não é mais o credor que já foi um dia.”

As assessorias de imprensa do Ministério das Finanças e de políticas econômicas do governo do Equador não responderam aos pedidos de comentários sobre o possível retorno do país ao mercado internacional e os atrasos nos financiamentos da China.

Em uma declaração em 17 de junho, o ministro das Finanças do Equador disse que recebeu 900 milhões de dólares em abril e maio da China, o principal credor da nação andina. Em janeiro, o ministro das Finanças Fausto Herrera disse que o Equador espera um total de 4,2 bilhões de dólares em empréstimos do país asiático neste ano.

O petróleo, que foi responsável por cerca da metade das exportações equatorianas em 2014, viu seu preço cair abaixo de 50 dólares por barril, em 20 de julho, pela primeira vez em mais de três meses. Siobhan Morden, do Jefferies Group, afirma que os problemas financeiros do Equador estão ficando cada vez mais graves, ainda que o país esteja praticamente fora do mercado internacional de capital por conta dos rendimentos exigidos. “O Equador tem acessado o mercado periodicamente e, nos níveis atuais, ele não tem acesso ao mercado”, ela disse em entrevista por telefone de Nova York. “Os atrasos no financiamento na China causam preocupação no mercado. Definitivamente está pesando no mercado e no preço da dívida.”

Ainda assim, Equador está disposto a pagar o preço para ter dinheiro. Quando vendeu 750 milhões de dólares nos títulos para 2020 em março, pagou 10,5 por cento, o valor mais alto em qualquer título comparável em dólar desde uma oferta da Turquia em 2002, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“O cenário para a segunda metade do ano é pior que para a primeira”, disse Walter Spurrier, fundador e diretor da empresa de pesquisas baseada em Guayaquil, Grupo Spurrier. “E vai depender se o governo vai conseguir mais crédito da China ou na venda de títulos no mercado internacional.”

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