A maldição econômica projetada para o próximo presidente da Argentina

Por Charlie Devereux e Dominic Carey.
Quando a Argentina foi às urnas em 25 de outubro, uma coisa era clara: quem acaba ganhando herdará uma economia em frangalhos.

Analistas dizem que a situação era tão ruim que as alterações ao regime da atual presidente Cristina Fernandez de Kirchner de restrições monetárias, energia subsidiada e protecionismo comercial eram inevitáveis. O debate agora está focado em quão rapidamente e em que grau esses ajuste devem ser aplicados. “O desafio será o de lançar um ataque em todas as frentes em todos estes problemas, porque ele não vai ser o suficiente para enfrentá-los um por um”, disse Luis Secco, diretor da empresa de pesquisa com sede em Buenos Perspectiv@s Economicas.

Com um superávit comercial encolhendo e falta de acesso aos mercados de capitais, tem feito as reservas líquidas da Argentina cair para um nível tão baixo quanto US$ 1,5 bilhão, de acordo com Perspectiv@s Economicas. Aqui estão os outros grandes desafios que a nação latino-americana deverá enfrentar.

 

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Para Mauro Roca, economista sênior do Goldman Sachs, os problemas econômicos da Argentina decorrem de um déficit fiscal. De acordo com estimativas da CIPPEC, baseada em Buenos Aires, esse déficit vai terminar o ano em 6 por cento do PIB. Isso é alimentado por um aumento de 37,5 por cento nos gastos nos primeiros sete meses do ano, ante o ano anterior. A receita no mesmo período cresceu 30,8 por cento. Muito do que foi gasto vai para contas e transporte de energia de financiamento dos argentinos, que um novo presidente terá de reduzir para trazer o orçamento para a linha. Isso não será uma mudança fácil de fazer do ponto de vista político, disse Roca.

 

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Esse déficit está alimentando a inflação. Assim como a reforma da sua política monetária, o próximo governo terá de rever a sua agência de estatísticas, o que está ainda subnotificação de inflação, apesar do lançamento de um novo índice de preço ao consumidor no ano passado sob a pressão da censura do Fundo Monetário Internacional (FMI).

 

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Antes das eleições, o governo tem vindo a utilizar o peso como um âncora da inflação, mantendo-o forte artificialmente. O peso se desvalorizou apenas 9,1 por cento este ano, em comparação a uma queda de 31 por cento do real no Brasil, seu maior parceiro comercial.

 

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Com a perda de competitividade, a participação da Argentina em comércio bilateral com o Brasil caiu para o menor nível desde a criação do Mercosul em 1991, segundo a empresa de pesquisa Elypsis. Trancado para fora dos mercados de capitais durante uma batalha legal que durou uma década com redutos do padrão 2001, a presidente e seu marido e antecessor dependia de um comércio excedente para o acesso a dólares. Esse excedente tem gradualmente diminuído, caindo 95 por cento em comparação ao ano anterior para US$ 51 milhões em agosto.

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