A pressão financeira nas moedas latino-americanas

Por Jimena Zuniga.

As moedas latino-americanas têm se enfraquecido vertiginosamente ao longo dos últimos meses, embora de maneira não uniforme. As correlações crescentes entre o desempenho cambial e de swap de crédito (credit-default swap), especialmente no Brasil e na Colômbia, enfatizam as sensibilidades ao agravamento das condições financeiras globais, o que poderia deteriorar ainda mais, à medida que o Federal Reserve se aproxima de uma elevação dos juros. Este movimento também anuncia uma resposta intensificada aos desenvolvimentos domésticos, tais como decisões orçamentais, as quais, em momentos favoráveis têm uma influência limitada sobre as moedas.

Até o momento, as depreciações entre as moedas mais importantes da região, variam em cerca de 15%, no caso do Chile, a 50% no Brasil. Subjacente a esta distribuição estão vários fatores, alguns dos quais têm a ver com os laços reais da América Latina com a economia global, e alguns associados a seus laços financeiros.

Para começar, a exposição a choques reais depende da orientação das exportações de cada país. Como descrito anteriormente pela BI Economics, as exportações de commodities da região são particularmente atingidas pela desaceleração do crescimento global, especialmente porque sua complexidade econômica limitada é fator adverso para as exportações de produtos manufaturados para compensar o entrave das commodities. O Brasil e a Colômbia foram particularmente expostas ao declínio acentuado nos preços do petróleo do ano passado. E mais, eles exportam pouco em relação ao seu PIB, o que significa que, dadas as mesmas circunstâncias, eles precisam de um ajuste cambial maior para absorver o mesmo choque real.
 

1

 
Embora a economia real global explique claramente os recentes desenvolvimentos nas moedas latino-americanas, os laços financeiros da região com o mundo exterior completam o cenário e vão desempenhar um papel importante nos próximos meses. O aumento da correlação entre câmbio e o desempenho CDS em toda a região – ilustrado no gráfico abaixo – sugere que pelo menos parte dos problemas de moeda pode ser atribuído as preocupações referentes à credibilidade de cada economia, o que pode tornar o financiamento das suas contas externas mais difícil. E, também é consistente com o baixo desempenho acentuado do real brasileiro e do peso colombiano, as moedas cujos países suscitam mais dúvidas em termos de qualidade de crédito por causa da fraqueza em alguns dos indicadores fiscais e / ou externos.
 

2

 
Tudo isso aponta para duas implicações para os próximos meses, assumindo que as preocupações de crédito permaneçam no centro das atenções. Em primeiro lugar, as moedas da região (especialmente o real e o peso colombiano) serão possivelmente mais sensibilizadas caso haja um endurecimento maior sobre as condições financeiras globais, como, devido a um aumento da taxa de juro dos EUA. Em segundo lugar, o câmbio latino-americano provavelmente ficará mais receptivo a certos desenvolvimentos locais, tais como decisões orçamentais, que normalmente teriam menos influência sobre o seu desempenho.

Agende uma demo.