Espera-se que a energia eólica desempenhe um papel fundamental na busca por emissões líquidas zero. Embora já estivesse desenvolvendo-se bem antes de 2022, o crescimento esperado do setor deve ser acelerado, à medida que os países buscam reforçar sua segurança energética e alcançar metas climáticas mais ambiciosas.
As empresas também estão tomando medidas para se adaptar à transição energética e descarbonizar suas operações: grandes petrolíferas, como a BP e a Shell, estão expandindo suas operações de energia eólica offshore; a montadora de automóveis General Motors investiu em uma startup de turbinas eólicas flutuantes; e gigantes da tecnologia como a Microsoft estão desenvolvendo inovações para tornar as turbinas eólicas mais eficientes.
Aqui estão cinco gráficos da BloombergNEF que analisam a próxima fase do crescimento da energia eólica.
1. Crescimento da energia eólica deve continuar conforme as previsões anuais atualizadas
Apesar da cadeia de suprimentos global ter sido afetada pela inflação no setor de logística, commodities e custos de mão-de-obra, a BNEF estima que uma quantidade recorde de 106 gigawatts de energia eólica será instalada em todo o mundo em 2022. Aliás, graças às metas de descarbonização agressivas na China e a um rápido crescimento no setor eólico offshore, mais de 100 gigawatts de capacidade eólica devem ser adicionados anualmente até o fim da década.
Os números mais recentes da BNEF são maiores que os publicados em sua Perspectiva do mercado anterior, em dezembro. Além do crescente impulso na China, a previsão atualizada reflete o esforço da União Europeia em acelerar os projetos de energia eólica para reduzir sua dependência do gás russo.
A geração eólica onshore está pronta para dominar o cenário global, com a China impulsionando o crescimento. A China representa 54% das adições eólicas onshore previstas pela BNEF entre 2022 e 2030, refletindo a redução dos preços das turbinas, um incentivo para clusters de projetos em escala de gigawatts e um esforço conjunto para atender às metas climáticas do país.
2. Energia eólica offshore encaminha-se para um gigantesco crescimento
Após um ano recorde em 2021, as instalações eólicas offshore devem diminuir este ano para 13,4 gigawatts. Isso reflete o término do subsídio da China, causando uma diminuição dos projetos, que é parcialmente compensada pela expansão em mercados como o Reino Unido e Taiwan.
Ainda assim, com a expectativa de que os novos projetos alcancem mais de 25 gigawatts em 2025 e continuem aumentando depois disso, a BNEF estima que a capacidade de energia eólica offshore acumulada aumentará 10 vezes entre 2021 e 2035, chegando a 504 gigawatts.
A China deve manter a liderança isolada, com mais de três vezes a capacidade instalada do Reino Unido, seu rival mais próximo, em 2035.
Muitos países aumentaram suas ambições com a energia eólica offshore este ano para reduzir a dependência das importações e alcançar as metas de carbono zero. No entanto, a transformação desses objetivos em realidade vai depender da superação dos gargalos, como os longos processos de licenciamento.
3. Fabricantes de turbinas buscam se posicionar para a segunda metade da década
Os fabricantes de turbinas estão aproveitando o aumento da energia eólica offshore, buscando se estabelecer em novos mercados e expandir os limites da tecnologia com máquinas cada vez maiores e mais poderosas.
A Siemens Gamesa é a principal fornecedora de turbinas eólicas offshore, alcançando 13% do mercado fora da China no final de 2020, incluindo pedidos condicionais e acordos de fornecedores preferenciais. Em seguida vêm a Vestas e a GE, cada uma com uma participação de cerca de 4% no mesmo período.
Os fabricantes ocidentais estão lidando com a perspectiva de uma maior concorrência dos fabricantes de turbinas chineses, que estão começando a ampliar sua presença para fora do mercado doméstico.
Devido aos longos prazos de desenvolvimento, a maioria dos projetos de energia eólica offshore com previsão de conclusão nos próximos cinco anos já tem um fornecedor de turbinas definido. A BNEF estima que apenas 4,2 gigawatts de pedidos estão pendentes para projetos fora da China nesta metade da década, principalmente nos EUA e no Leste Asiático.
No entanto, a segunda metade da década é uma outra história, pois há mais de 93 gigawatts em projetos que serão desenvolvidos fora da China que ainda não contrataram um fornecedor.
4. O fundo do mar está ficando mais valioso conforme os planos de energia eólica offshore se expandem
Antes de desenvolver um projeto de parque eólico offshore, é necessário ter o direito de construir em uma área específica do oceano. Embora mercados como o Alemanha e Holanda tenham oferecido concessões de áreas marítimas com um contrato de compra mínima garantida, mercados como os dos EUA e o do Reino Unido têm leilões separados para a concessão do local e para os contratos de compra mínima garantida.
Nos últimos meses, houve um pico nas atividades de concessão de solo oceânico — em janeiro, a Crown Estate Scotland concedeu direitos de arrendamento de fundos marinhos que podem conter até 25 gigawatts de energia eólica offshore. Foi o primeiro leilão do mundo a oferecer áreas em escala de gigawatts para vento flutuante.
Enquanto isso, os EUA realizaram seus primeiros leilões de arrendamento do fundo do mar desde 2018 para o New York Bight, uma área de fundo do mar entre Nova York e Nova Jersey e ao longo da costa dos estados da Carolina do Norte e do Sul. Os preços observados nesses leilões foram mais que o dobro dos últimos feitos nos EUA, com o mais caro da New York Bight avaliado em US$ 2,6 milhões por quilômetro quadrado.
“Os valores pagos pela New York Bight estão em conformidade com os que foram vistos em um leilão no ano passado no Reino Unido, um dos mercados mais maduros do mundo em energia eólica offshore“, disse Chelsea Jean-Michel, analista da equipe de energia eólica da BNEF. “Com apenas sete turbinas em funcionamento em seu litoral hoje, os preços pagos pela New York Bight mostram como as empresas têm visto o nascente mercado eólico offshore dos EUA”.
Chelsea aponta para “mais faixas de áreas marítimas” que devem ser concedidas pelos EUA e Reino Unido nos próximos anos, pois os dois países buscam expandir sua capacidade de energia eólica offshore.
5. Mercados com águas profundas devem explorar o potencial eólico flutuante
As turbinas ancoradas no fundo do oceano com fundações fixas devem permanecer como a base do mercado de energia eólica offshore até 2035. No entanto, as turbinas flutuantes devem ter um salto de crescimento a partir de 2027, impulsionadas pela demanda de áreas onde o mar é profundo demais para instalações fixas no fundo do oceano.
“Os países com litorais de águas profundas estão atraindo bastante interesse das empresas de energia renovável e petróleo e gás”, disse Luisa Amorim, analista de energia eólica da BNEF. “Porém, a falta de apoio dos governos e de estruturas de licenciamento claras neste mercado que ainda é embrionário, além do risco adicional comparado às turbinas fixas, podem representar limites para a implantação em escala comercial desses ativos em um futuro próximo”.
A capacidade de energia eólica produzidas por turbinas flutuantes deve atingir mais de 25 gigawatts até meados da próxima década, partindo de pouco menos de 60 megawatts hoje. As projeções apontam que o Reino Unido deve liderar o mercado em 2035, com cerca de 8 gigawatts de capacidade total, seguido pelos EUA, com cerca de 5 gigawatts.
Luisa diz que, para o mercado de turbinas flutuantes atingir essa trajetória de crescimento estimada, “é crucial que os custos das tecnologias sejam reduzidos, tornando cada vez mais necessário aumentar a cadeia de fornecimento, expandir a capacidade de fabricação e tratar as lacunas técnicas que ainda existem em torno do sistema de exportação”.
Sobre a BloombergNEF
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