Por Vinícius Andrade.
O resultado da eleição no Brasil pode não servir para esclarecer nada, pelo menos para os mercados.
A Aberdeen Asset Management e o HSBC Global Asset Management têm posições neutras em relação aos ativos brasileiros antes da eleição presidencial de outubro, uma vez que incertezas persistentes sobre as perspectivas política e fiscal impedem uma visão mais construtiva.
“A eleição em si não é o fim da história”, disse Peter Taylor, chefe de ações para Brasil da Aberdeen. A disposição e a capacidade dos candidatos favoritos — Jair Bolsonaro e Fernando Haddad — em avançar com as reformas fiscais é “uma área cinzenta”, segundo ele.
A incerteza também fez com que o HSBC recomendasse cautela.
“Em termos de políticas econômicas, as coisas não estão tão definidas quanto as manchetes sugeririam”, disse Olga Yangol, gestora de portfólio do HSBC Global Asset Management.
“O principal desafio para o Brasil ainda está no lado fiscal, especificamente os aumentos contínuos nos gastos primários devido aos ascendentes benefícios da previdência”, disse Yangol. “Quem vencer precisará confrontar essa realidade e demonstrar disposição e capacidade de resolver o problema.”
Uma tarefa difícil
Enfrentar os problemas do sistema previdenciário do país tem sido uma tarefa difícil para os governantes, já que o tema tem sido imensamente impopular entre os brasileiros. Recentemente, a legislação relativa à reforma da previdência proposta pelo governo Michel Temer foi bem recebida pelos investidores, mas o projeto acabou sendo abandonado em meio à oposição política.
A Aviva Investors, com sede em Londres, está entre aqueles que buscam aproveitar os prêmios de risco encontrados no câmbio e na curva de juro local resultantes do cenário de incerteza.
“Nós estaremos procurando aproveitar essas oportunidades quando sentirmos que estamos bem compensados pelo risco político”, disse Liam Spillane, chefe de dívida para mercados emergentes da Aviva, por e-mail. “Apesar de estarmos felizes pelo fato de algumas das retóricas recentes dos principais candidatos terem sido mais reconfortantes, ainda é um desafio determinar caminhos claros para os ativos brasileiros.”
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