Por Joel Rosenblatt, Mark Bergen e Eric Newcomer.
Um juiz afirmou estar inclinado a emitir uma liminar contra o Uber que poderá bloquear seu programa de carros autônomos após ser informado que o diretor da empresa não irá depor porque enfrenta uma possível ação criminal pelo suposto roubo de segredos comerciais da Alphabet.
Um advogado de Anthony Levandowski, que deixou a Waymo, uma unidade da Alphabet, no ano passado, e que agora é chefe do projeto de carros autônomos do Uber, disse a um juiz federal de São Francisco na quarta-feira que o engenheiro exercerá os direitos garantidos pela Quinta Emenda da Constituição dos EUA, que protege uma pessoa de se autoincriminar, segundo uma transcrição da audiência judicial, realizada a portas fechadas.
Se Levandowski não ajudar a defender a empresa de caronas compartilhadas da ação judicial aberta pela Waymo, o Uber poderia ficar em desvantagem em um caso que poderá decidir quem controlará uma tecnologia fundamental na corrida para a venda de veículos autônomos. Trata-se de um negócio que ambas as empresas acreditam que valerá centenas de bilhões ou até trilhões de dólares por ano.
O advogado de Levandowski disse ao juiz que o engenheiro não pode ser forçado a revelar os arquivos que a Waymo afirma que ele roubou antes de se demitir da empresa. Em resposta, o juiz distrital dos EUA, William Alsup, alertou o advogado que a menos que Levandowski esteja disposto a negar qualquer irregularidade, há uma “boa chance” de que o pedido de liminar da Waymo para impedir o uso de informação proprietária pelo Uber seja atendido. A Waymo exibiu um “registro” do roubo, disse Alsup.
‘Quinta Emenda’
“Se vocês pensam que eu vou me abster porque o funcionário de vocês está usando a Quinta Emenda e deixar de emitir uma liminar para encerrar o que aconteceu aqui, vocês estão errados”, disse Alsup.
O juiz posteriormente recuou quando um advogado do Uber afirmou que a empresa pode provar, sem a ajuda de Levandowski, que não usou nenhuma informação roubada da Waymo. Uma audiência sobre o pedido de liminar está marcada para 3 de maio.
O advogado de Levandowski, Miles Ehrlich, disse a Alsup que existe “potencial para ação criminal” contra seu cliente, mas nenhuma intimação pendente. Este normalmente é o primeiro passo de uma investigação criminal.
O Uber e sua unidade de carros-robôs, a Otto, negaram as acusações na ação judicial aberta em fevereiro pela Waymo acusando a empresa de caronas de roubar informação proprietária.
“Estamos ansiosos para dar nossa primeira resposta pública apresentando nossa defesa, na sexta-feira, 7 de abril”, disse Angela Padilla, consultora-geral associada do Uber, em comunicado. “Estamos muito confiantes de que as acusações da Waymo contra o Uber não têm fundamento e de que Anthony Levandowski não utilizou nenhum arquivo do Google em seu trabalho com a Otto ou com o Uber.”
A Waymo preferiu não comentar a transcrição.
Informações do caso: Waymo LLC v. Uber Technologies Inc., 17-00939, U.S. District Court, Northern District of California (San Francisco).
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