Ações da Magazine Luiza ainda estão baratas, diz Trajano

Por Paula Sambo e Daniel Cancel.

Quando Frederico Trajano assumiu a rede de varejo Magazine Luiza, em janeiro de 2016, as ações eram negociadas a R$ 1 e os investidores da rede familiar puniam a empresa em meio à brutal recessão.

Desde então, as ações dispararam 3.800% para o recorde de R$ 85 e Trajano diz que, comparada a concorrentes globais e locais no mercado de varejo, a empresa ainda está subavaliada, já que cresce em vendas pela Internet e ainda abre novos pontos de varejo físico ao longo do país.

A ação em termos de preço por lucro e outras métricas “está muito longe da Amazon, MercadoLibre e outras que são vistas como ações de tecnologia, por isso vemos espaço para avanço”, disse Trajano em entrevista em São Paulo. “Especialmente agora que estamos em um melhor ambiente econômico”, afirmou, citando a queda na taxa de inflação e o potencial para aumento das vendas com a Copa do Mundo de Futebol.

Os números mostram que a Magazine Luiza tem um crescimento de receita e lucro mais próximo de uma empresa de tecnologia do que de uma varejista tradicional. Quando comparada a lojas de departamento, a Magazine Luiza entrega o melhor retorno por ação, de 34,5%, também acima da média dos concorrentes do comércio eletrônico, de 22,2%.

Apesar de a ação ter saltado no ano passado com o anúncio de que a Amazon iria crescer no país e competir em alguns segmentos, Trajano diz que a estratégia da companhia não vai mudar e que o mix de lojas físicas e sites com um centro de distribuição centralizado é a melhor fórmula em um país como o Brasil. Falhas na infraestrutura tornam a entrega no mesmo dia extremamente desafiadora e muitos consumidores — cerca de dois terços dos compradores online — adquirem pela Internet e retiram o produto na loja física.

“Não vejo um único player puramente online no Brasil ganhando dinheiro. Eles realmente vendem, mas não ganham dinheiro, eles queimam uma porção de caixa, então o melhor modelo é um canal com um pouco de calor humano, que é muito importante para os brasileiros”, disse o executivo de 41 anos. “O Brasil não é para principiantes.”

Entre as peculiaridades de fazer negócios numa economia de R$ 1,8 tri, ele destaca o complexo sistema tributário, assim como a logística não muito confiável e a competição acirrada.

Depois de levantar mais de R$ 1,5 bilhão em um follow-on no ano passado, Trajano disse que a empresa não tem necessidade ou planos de listar ações em Nova York ou de fazer captações externas.

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