Ações de emergentes são aposta inteligente em mundo pós-Brexit

Por Elena Popina e Maria Levitov.

As ações do mercado emergente parecem ser uma compra inteligente porque os investidores começam a ver o mundo desenvolvido, dos frequentes ataques terroristas à conturbada União Europeia, como a opção às vezes mais arriscada.

Neste ano, as ações dos países emergentes tiveram um desempenho melhor que o dos seus pares do mundo desenvolvido porque o medo de um pouso forçado na China diminuiu e uma recuperação dos preços das commodities impulsionou as economias que dependem das exportações. A decisão do Reino Unido, em referendo, de sair do maior bloco comercial do mundo em um cenário de violência crescente diminui ainda mais o atrativo de regiões que antigamente eram consideradas apostas seguras.

Gestores de recursos da Neuberger Berman Group e da AllianceBernstein Holding estão percebendo uma oportunidade. A perspectiva de lucros maiores entre as empresas de países em desenvolvimento coincide com um panorama de lucros mais obscuro nos mercados desenvolvidos, onde taxas de juros perto de zero não estão conseguindo revigorar o lento crescimento econômico.

“Os mercados emergentes atravessaram uma boa quantidade de crises com uma enorme queda do câmbio, crescimento difícil e inflação astronômica e agora se vê o oposto disso”, disse Conrad Saldanha, que ajuda a administrar US$ 5 bilhões em ações dedicadas do mercado emergente na Neuberger Berman, em entrevista por telefone. “Muitos riscos políticos, econômicos e regulatórios tendem mais para os mercados desenvolvidos do que para os emergentes”.

Sessenta e um por cento das empresas incluídas no MSCI Emerging Markets Index que reportaram lucros trimestrais superaram as expectativas dos analistas, mostram dados compilados pela Bloomberg. O resultado chega após dois anos de crescimento negativo dos lucros em meio a tensões geopolíticas da Rússia ao Brasil e à desaceleração econômica da China. Os lucros das empresas no indicador de referência MSCI provavelmente aumentarão 12 por cento neste ano e 14 por cento em 2017, mostram os dados.

“O sentimento está mudando para as ações do mundo emergente, embora as avaliações continuem muito baixas, e se você for bastante seletivo esta poderia ser uma boa oportunidade de compra”, disse Morgan Harting, gestor sênior de carteira da AllianceBernstein, em entrevista por telefone, de Nova York.

Os analistas projetam que as ações emergentes subirão 10 por cento durante o próximo ano, mostram dados compilados pela Bloomberg. Essa previsão se compara com um aumento de 7,8 por cento para as ações de países desenvolvidos. As ações do mundo em desenvolvimento estão sendo negociadas a 12,3 vezes os lucros projetados, em contraste com 16,3 vezes os lucros para os países desenvolvidos, segundo dados compilados pela Bloomberg. Embora a diferença de avaliação tenha diminuído nos últimos meses, ela continua perto da maior desde 2006.

Paul Christopher, que investe em ações do mundo emergente e do mundo desenvolvido como estrategista-chefe de mercado global do Well Fargo Investment Institute, está underweight em relação às ações emergentes e neutro em relação às ações desenvolvidas.

“Acho que as economias emergentes não acabaram de corrigir os problemas de dívida que as perturbam desde 2012”, disse Christopher, em entrevista por telefone, na semana passada.

O que ele aconselha? Esperar mais um ano.

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