Por Chris Rogers, Sam Fazeli, Margaret Huang, Tim Craighead, Brian Egger, Christopher Rung e Marco Maciel.
O vírus Zika representa novos riscos para o crescimento econômico e os custos da indústria
A disseminação do vírus Zika gera riscos para economias e indústrias. As vacinas não serão desenvolvidas antes de pelo menos cinco anos, portanto, o foco está nas empresas de saúde com uma possível solução de curto prazo. Enquanto isso, turismo, lazer e logística serão afetados pela desordem na América Latina e nas demais regiões onde o vírus está presente. As doenças anteriores causadas por mosquito não tiveram impacto duradouro. O possível atraso dos pagamentos da assistência social e a desaceleração do crescimento da população poderão afetar uma economia brasileira já fragilizada.
O vírus Zika não é novo, mas a vacina continua sendo elusiva enquanto a OMS alerta sobre a disseminação
O Zika, um vírus gerado por um mosquito que pode estar associado à má-formação no nascimento e a danos no sistema nervoso e imunológico em adultos, recebeu significativa atenção da mídia recentemente. A notícia ficou mais em evidência depois que a OMS expressou preocupação e a expectativa de 4 a 5 milhões de casos este ano. O vírus Zika foi observado pela primeira vez em Uganda em 1947, mas até hoje o setor farmacêutico ainda não tem uma vacina.
Vacinas da Glaxo e da Inovio contra o vírus Zika precisam de um empurrão regulatório para serem lançadas logo.
As grandes empresas farmacêuticas são a força dominante em vacinas. A GlaxoSmithKline e a Inovio são as únicas empresas a anunciar publicamente que estão trabalhando em uma vacina contra o vírus Zika. Os desafios são enormes. Provar a segurança e a eficácia em uma infecção não letal é bastante oneroso, a menos que as autoridades regulatórias suspendam suas regras habituais de aprovação. A Sanofi levou mais de uma década para produzir uma vacina contra a dengue. A dengue é mais complexa por apresentar quatro variedades, mas Zika é muito menos estudado.
O surto de Zika pode interromper viagens no curto prazo e reduzir a receita de hotéis
O turismo nas áreas afetadas pelo Zika pode sofrer queda no curto prazo, caso a OMS emita um alerta formal. Nos surtos anteriores, a queda do número de visitantes foi maior nos dois meses após o alerta da OMS. No caso da SARS (síndrome respiratória aguda grave), o número de desembarques em Hong Kong caiu 68 por cento e, no caso da MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio), caiu 54 por cento na Coreia do Sul. Naturalmente, os cancelamentos das hospedagens acompanham essa queda, uma vez que os turistas adiam as viagens e os hotéis perdoam o pagamento de tarifas. O Brasil, com um mercado hoteleiro já deficiente, é palco do primeiro caso conhecido de Zika, ficando particularmente exposto ao impacto de um alerta.
Entre os destinos de cruzeiros, o Caribe foi o mais afetado pelo vírus Zika
Os alertas de Zika no 1º trimestre, período em que as empresas de cruzeiros lançam suas melhores ofertas para atrair os turistas, preocupam observadores de viagens, muitos dos quais relembram desafios passados, como a SARS e o norovírus, que afetaram as percepções dos consumidores em relação aos cruzeiros. Destinos populares de navios – Ilhas Virgens Americanas, Porto Rico, St. Martin, Haiti e República Dominicana – foram mencionados nos alertas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. Outros, como Grand Cayman, Bahamas, Grand Turk, Jamaica e Aruba, não foram citados como locais ativos de transmissão. A América do Sul, região de alerta de Zika, recebe menos cruzeiros.
O Zika afeta o plano de crescimento econômico sustentado pelo aumento da população no Brasil
A disseminação do vírus Zika coloca em risco o nascimento de bebês no Brasil, o qual era esperado para ajudar o país a retomar o crescimento econômico. A retomada depende da oferta, com ganhos de demanda e efeitos de produtividade planejados para 2010 a 2020, devido ao aumento do número de nascimentos. A possível ligação do Zika com má-formação no nascimento, as políticas governamentais associadas e as recomendações para evitar a gravidez na América Latina poderiam desacelerar esse aumento. Isso se soma a três anos de retração devido à turbulência política e à queda global dos preços das commodities.