Acordo antipoluição de empresas aéreas depende de compensações

Por Joe Ryan e Mathew Carr.

O acordo pelo clima proposto pelas Nações Unidas para a aviação depende da criação de um sistema que obriga as empresas a gastar bilhões de dólares para proteger florestas, construir parques solares e mais. O objetivo será garantir que esses projetos sejam legítimos.

O acordo fechado na quinta-feira em Montreal exige que as empresas aéreas compensem o crescimento de suas emissões depois de 2020 comprando créditos para financiar iniciativas ecológicas. A ideia é que à medida que as empresas aéreas acrescentarem rotas, elas ajudem a financiar projetos para neutralizar a poluição adicional. Imagine plantar árvores para absorver cada gramo novo de dióxido de carbono.

No entanto, ainda não foi resolvido quais tipos de crédito, ou compensações de carbono, serão elegíveis nem como a ONU verificará sua integridade ecológica. A qualidade dessas compensações varia. No ano passado, o grupo de pesquisa Stockholm Environment Institute disse que cerca de 75 por cento das compensações oferecidas no segundo maior programa da ONU tinham valor ambiental questionável e reclamou que algumas fábricas russas estavam aumentando as emissões e diminuindo-as depois, somente para vender as compensações geradas. O sucesso do acordo de Montreal depende de garantir a autenticidade das compensações compradas pelas empresas aéreas.

“Temos que ser cautelosos”, disse Paul Steele, vice-presidente sênior da International Air Transport Association, uma associação profissional que representa 265 empresas aéreas. “Há muitos créditos que não são particularmente robustos”.

Variedade

As compensações de carbono são vendidas por empresas. Elas são financiadas por uma ampla variedade de programas, que abrangem de parques solares enormes que reduzem a necessidade de usinas a carvão até projetos em aldeias chinesas para obter combustível para fogões do metano derivado de esterco animal.

Além de garantir que as compensações sejam legítimas, as empresas aéreas dizem que elas precisam ser abundantes. A Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) da ONU estima que o acordo custará às empresas entre US$ 5,3 bilhões e US$ 23,9 bilhões por ano até 2035. Isso exigirá uma oferta enorme de compensações.

Atualmente, não há escassez de oferta. A ONU criou dois programas de compensação de emissões em 1997 com o Protocolo de Kyoto. O preço dos créditos diminuiu durante quatro anos a patamares de cerca de 98 por cento abaixo do pico registrado em 2008. Há um excesso de compensações à venda, e algumas delas são de valor ecológico questionável, dizem grupos ecologistas.

Comitê

A OACI criou um comitê de ecologistas, representantes do setor de aviação e outros, que trabalha há três anos para planejar critérios para o programa de compensações. Eles esperam acabar no fim de 2018. Brad Schallert, representante do World Wildlife Fund no comitê, disse que a força do acordo pelo clima para a aviação dependerá das compensações.

“Se não houver unidades de emissão de alta qualidade, não há certeza que essas reduções de emissões acontecerão de fato”, disse Schallert. “Elas devem ser reais”.

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