Por Jeffrey Vögeli, Jan-Henrik Förster e Steven Arons.
Deutsche Bank e Credit Suisse Group concordaram em pagar uma quantia combinada de US$ 12,5 bilhões para encerrar investigações do governo dos EUA sobre a venda de dívidas tóxicas que alimentaram a crise financeira. A decisão encerra uma enorme disputa que pesava sobre as ações dessas instituições e ameaçava seus planos de reestruturação.
O Deutsche Bank vai pagar US$ 7,2 bilhões e o Credit Suisse aceitou desembolsar US$ 5,3 bilhões, segundo comunicados divulgados separadamente nesta sexta-feira. Os anúncios vieram horas após o Barclays, que é investigado em um caso relacionado, ser processado por fraude pelo Departamento de Justiça, depois de recusar o valor proposto pelas autoridades.
O governo de Barack Obama faz pressão pelo encerramento das investigações de firmas de Wall Street pelo envolvimento delas na criação e venda de títulos garantidos por hipotecas de segunda linha, que foram o estopim da crise financeira de 2008.
Antes dos dois acordos anunciados nesta sexta, as autoridades já haviam extraído mais de US$ 46 bilhões de seis instituições financeiras dos EUA por questões ligadas a esses mesmos títulos.
O Bank of America pagou a maior conta: US$ 16,7 bilhões por títulos que valiam quatro vezes mais do que os do Deutsche Bank.
“Os acordos reduzem uma grande incerteza para os bancos”, disse Raimund Saxinger, um gestor de fundos do BHF Bank.
Os papéis do Deutsche Bank subiam 3,1 por cento às 10:28 em Frankfurt, limitando as perdas deste ano a 19 por cento. As ações do Credit Suisse caiam 0,3 por cento, após terem registrado ganhos de até 2,2 por cento. Os papéis do Barclays recuavam 0,9 por cento em Londres.
O Deutsche Bank vai pagar uma penalidade civil de US$ 3,1 bilhões e proporcionar US$ 4,1 bilhões em medidas de alívio para consumidores sob um acordo preliminar com as autoridades americanas. A multa vai reduzir o lucro antes dos impostos da instituição em US$ 1,2 bilhão neste trimestre. O banco vai usar provisões judiciais existentes para absorver boa parte do ônus. O valor acordado é muito inferior ao pedido inicial do Departamento de Justiça, de US$ 14 bilhões, que assustou detentores de ações e títulos do Deutsche.
O maior banco da Alemanha ainda enfrenta investigações sobre outras questões nos EUA e processos civis potencialmente custosos. O presidente John Cryan está empenhado em resolver esses passivos dentro do esforço para restaurar a confiança. A estratégia que ele anunciou em outubro de 2015 inclui corte de custos e eliminação do pagamento de dividendos por dois anos para preservar capital. O Deutsche avisou que talvez não tenha lucro em 2016, uma vez que o foco é superar as batalhas judiciais.
Em 30 de setembro, o banco tinha separado 5,9 bilhões de euros (US$ 6,2 bilhões) para todos os custos legais pendentes.
O Credit Suisse vai pagar penalidade civil de US$ 2,48 bilhões e US$ 2,8 bilhões em alívio ao longo de cinco anos após o acordo. O banco vai contabilizar despesa antes dos impostos de aproximadamente US$ 2 bilhões, além das reservas existentes, durante o quarto trimestre. No fim do terceiro trimestre, o Credit Suisse tinha separado cerca de 2,1 bilhões de francos suíços (US$ 2,1 bilhões) em provisões judiciais gerais.
O presidente Tidjane Thiam captou 6 bilhões de francos junto a acionistas no final de 2015 e distanciou a firma das atividades de banco de investimento, que têm elevada exigência de capital, e passou a se concentrar em gestão de fortunas. Thiam atualizou duas vezes os planos, que incluem a abertura de capital parcial da unidade na Suíça no fim de 2017. Em dezembro, o executivo, que fez carreira em seguros, prometeu cortar mais custos e baixou as metas para a Ásia e para a divisão internacional de gestão de fortunas.
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