Acordo de paz pode ajudar Colômbia a produzir mais café

Por Andrew Willis.

Para os cafeicultores na Colômbia, que fornecem grãos premium empregados por nomes como Starbucks e Nestlé, a paz depois de 52 anos de guerra civil significa muito mais produtividade.

É só perguntar a Astrid Medina. Depois que o pai dela foi assassinado por rebeldes marxistas há uma década, ela herdou sua fazenda perto do vilarejo andino de Gaitania. Na época, só um quinto do terreno tinha cafeeiros em uma área que pessoas de fora tinham medo de visitar. Quando o exército recuperou o controle, especialistas em safras chegaram para ensinar técnicas agrícolas mais eficientes e bancos aceitaram financiar fertilizantes e equipamentos. Medina quadruplicou a área de cultiva e dobrou a produção por hectare.

“Sempre que há problemas com nossas safras – a chegada de doenças ou problemas meteorológicos – nós pedimos a visita de um agrônomo e eles nos ajudam”, disse Medina. Ela dá crédito à assistência da Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia, que lhe deu as ferramentas necessárias para produzir os grãos que foram eleitos os melhores do país em 2015 por um jurado internacional.

Agora, uma transformação parecida talvez seja possível em regiões montanhosas controladas há tempos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Segundo um acordo assinado em novembro – que levou o presidente Juan Manuel Santos a ganhar o Prêmio Nobel da Paz – uns 6.000 combatentes planejam entregar suas armas. Embora cartéis de traficantes armados que protegem plantações de coca continuem sendo um perigo, o fim do conflito violento com o grupo rebelde poderia ajudar a aumentar a produtividade no país, que já é o terceiro maior produtor de café do mundo.

A Colômbia praticamente dobrou a produção desde a safra de 2012, que foi a menor em cerca de quatro décadas. Agricultores, com ajuda da federação, substituíram cafeeiros antigos por outros mais novos e resistentes a doenças, e plantaram mais por hectare. O país pretende colher uma safra de 18 milhões a 20 milhões de sacas de café em 2020, uma alta de até 41 por cento frente a 14,2 milhões no ano passado. Cada saca pesa 60 quilos.

Não há garantias de que a transição será tranquila. O conflito violento com as Farc pelos direitos à terra durou 52 anos e deixou mais de 200.000 mortos e milhões de deslocados. Houve atrasos na criação de zonas especiais onde os rebeldes entregarão as armas. Além disso, o Exército de Liberação Nacional (ELN), um grupo marxista colombiano de menor tamanho, e os Urabeños, uma organização criminosa, são alguns dos que estão tentando ocupar o antigo território das Farc e assumir o controle de suas atividades ilegais, como o tráfico de drogas.

Coca

Embora seja ilegal, a coca pode ter apelo para os agricultores porque os compradores pagam um preço fixo e a planta produz quatro safras por ano. Os cafeeiros rendem só uma ou duas. Além do mais, a coca também é uma planta mais forte, capaz de resistir períodos de estiagem.

No entanto, a federação do café continua otimista. Os contratos de café arábica vendidos em dólares em Nova York subiram 16 por cento desde o fim de 2015, e a fraqueza do peso colombiano frente à moeda americana incentiva os agricultores a produzir mais. Isso pode ter um impacto maior sobre a velocidade do crescimento da produção, de acordo com a corretora de commodities INTL FCStone. Os futuros do arábica recuaram cerca de 1,1 por cento na segunda-feira, para US$ 1,4655 por libra-peso.

“Tudo se resume ao preço e à receita dos produtores”, que será a maior influência sobre o quanto a safra da Colômbia aumentará, disse Albert Scalla, vice-presidente sênior da INTL FCStone.

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