Por Elena Popina, Lyubov Pronina e Lilian Karunungan.
As moedas dos países em desenvolvimento tiveram um ótimo período desde o rescaldo do voto pelo Brexit e registraram um avanço nos últimos 30 dias, aproximadamente, que só foi superado uma vez em quatro anos e meio. Agora, os ganhos podem estar perto de chegar a um fim abrupto — tudo por causa de uma peculiaridade histórica.
As moedas dos mercados emergentes caíram em sete dos últimos dez meses de agosto. É quase impossível saber por que isso aconteceu: a Aviva diz que isso é uma “coincidência”, mas outros atribuem esse efeito ao fato de os investidores reduzirem a posse de ativos considerados mais arriscados caso estejam de férias.
“Este efeito de agosto é uma dessas coisas estranhas que parecem acontecer todos os anos, e qualquer fator que esteja impulsionando o mercado é intensificado pelo baixo volume de trading”, disse Win Thin, estrategista-chefe de moedas do mercado emergente na Brown Brothers Harriman & Co. em Nova York.
Este mês pode ser particularmente arriscado para as moedas dos países em desenvolvimento, sendo que a Olimpíada do Rio afastará mais traders de suas mesas e o aumento de ataques terroristas poderá movimentar os mercados. As moedas mais vulneráveis são o real e o rand sul-africano, que deverão registrar as maiores perdas até o final do ano entre 24 pares monitorados pela Bloomberg depois de estarem entre as três com maior avanço frente ao dólar em 2016.
O índice MSCI Emerging Markets Currency caiu uma média de 0,9 por cento no mês de agosto durante a última década, vinculando-o ao pior mês junto com novembro. A liquidez no trading cambial caiu em seis dos últimos dez meses de agosto, de acordo com dados do Bank of America. O índice subiu 0,3 por cento na segunda-feira.
Forças contrárias
As moedas do mercado emergente subiram em 2016, e o índice do MSCI subiu 5,6 por cento, caminhando para seu primeiro avanço anual em quatro anos. Mais de metade desses ganhos — cerca de 3,2 por cento — ocorreu a partir de 27 de junho, quando os mercados começaram a se recuperar da surpreendente decisão do Reino Unido de sair da União Europeia.
Excetuando-se o salto de 5,2 por cento em março, esse avanço é melhor do que qualquer ganho em um único mês desde janeiro de 2012. Assim como as ações internacionais, as moedas registraram alta devido à especulação de que os bancos centrais adicionarão mais estímulos para combater as consequências econômicas do Brexit.
Esses ganhos poderiam estar prestes a perder força, não apenas em agosto, mas no longo prazo. Embora o comunicado sobre política monetária publicado no dia 27 de julho pelo Federal Reserve dos EUA tenha tentado sufocar a especulação em torno de um aumento iminente dos juros nesse país, as autoridades também melhoraram sua avaliação da economia. Outras forças contrárias a considerar são as quedas de preço do petróleo e das commodities.
Nem todos estão tão pessimistas. Thin, da Brown Brothers, disse que a perspectiva de adiamento do aumento dos juros dos EUA, que impulsiona o dólar, pelo menos dá aos investidores “uns poucos meses de otimismo com as moedas do mercado emergente” após uma queda forte em agosto.
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